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Digital

O novo e o antigo na Lume Filmes

Cinco novos títulos no mercado em DVD

Por Luiz Joaquim | 24.07.2012 (terça-feira)

Vem lá do Maranhão os mais interessantes lançamentos em DVD colocados no mercado de home-vídeo. Isto já está estabelecido e sua sedimentação veio se formando aos poucos, desde 2006, quando Frederico Machado criou a Lume Filmes. Todos mês a empresa lança títulos a serem disponibilizados nas prateleiras de videolocadoras (sim, elas existem em 2012) ou postos a venda em lojas especializadas. Conhecida por desenterrar tesouros cinematográficos cuja lembrança repousava apenas na boa memória de alguns cinéfilos, a distribuidora agora coloca também títulos nunca antes lançados no mercado de DVDs do Brasil.

Isto acontece porque a Lume, desde o ano passado, passou a lançar filmes para as salas de cinema, como é o caso de “O Moinho e A Cruz”, de Lech Majewski, com Charlotte Ramplinge e Rutger Hauer, que entrou em cartaz há duas semanas nas salas do Sudeste e chega ao Recife nesta sexta-feira (27) pelo Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Um destes títulos fortes que lançou nos cinemas em 2011 foi “Lola” (2009), do filipino Brillante Mendonza, e que agora pode ser visto em casa em DVD.

Reconhecido como o mais expressivo nome do cinema filipino na atualidade, Mendonza teve em “Lola” uma carreira de sucesso, sendo o ponto de partida o Festival de Veneza e tendo circulado em mais de 20 festivais internacionais. No filme, Mendonza coloca o espectador ocidental diante da realidade dos subúrbios pobres da capital Manila, mas de forma orgânica e numa maneira em que a dramaturgia sobrepõe-se ao espanto da crueza dos cenários pobre, sobre palafitas, onde vive a protagonista Lola Sepa (Anita Linda). Ela é uma senhora cujo neto foi assassinado por um ladrão de celular.

Mesmo devastada pela perda e sem nenhum dinheiro, Lola Sepa precisa bancar as despesas do enterro e recursos para abrir um processo contra o crime. Ao mesmo tempo, a avó do suspeito, Lola Puring (Rustica Carpio), também não tem dinheiro para afiançar a liberdade de seu neto. O filme termina por revelar um acordo ilegal entre as duas partes em função da miséria das duas e do amor pelos seus netos.

Não tão recente, mas igualmente potente é “Sob o Sol de Satã” (Sous le soleil de Satan, Fra., 1987), filme de Mauricie Pialat (1925-2003), que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes daquele ano. Fora do catálogo de home-vídeo desde os anos 1990, “Sob o Sol…” reaparece pela Lume. É um destes trabalhos pelo qual seu diretor será sempre lembrado. O próprio Pialat atua aqui como o conselheiro do angustiado padre Donissan (vivido esplendidamente por Gerard Depardieu).

Numa paróquia rural, Donissan vive assombrado pelas tentações de Satã e começa a duvidar de sua fé. Ao encontrar com o próprio demônio numa espécie de limbo entre o céu e a terra, descobre aterrorizado que pode se comunicar com os mortos, mas não sem bastante sofrimento. Ao mesmo tempo, a adolescente Mouchette (Sandrine Bonnaire) se vê grávida e mata acidentalmente seu amante. Lutando contra sua fraqueza, Donissan tenta ajudar Mouchette, mas falha e só consegue êxito ao ressuscitar uma criança. O título de santo, que ganha logo após o milagre, mais o atormenta que o alivia, exatamente pela sua dúvida entre a força divina e a força de Satã. É um filme duro, em que Pialat parece nos dizer que, se Deus não existe, o demônio está bem presente entre nós. E os homens dependem unicamente de si próprios para se livrarem desse mal.

Outros três títulos imperdíveis, e carregados de história, que a Lume nos oferece neste mês são: “A Garota do Trieste” (La ragazza di Trieste, Ita., 1982), de Pasquale Festa Campanile; “Mahle: Uma Paixão Violenta” (Ing.,1974), e “Quando É Preciso Ser Homem” (Solider Blue, EUA, 1970), de Ralph Nelson.

Em “A Garota do Trieste”, Campanile aproveitou o sucesso mundial de “Crônica de Um Amor Louco”, feito por Marco Ferreri um ano antes com o casal Ben Gazarra e Ornella Mutti, e reuniu o casal novamente para uma história explosiva e de tensão sexual na qual Gazarra é um desenhista cinquentão de quadrinhos, que mora em uma vila em Trieste (Itália) e conhece Nicole (Mutti), de vinte e poucos anos. Após salvá-la de um afogamento, na qual se apaixona loucamente, ele acaba entrando no universo misterioso dessa garota que aparece e desaparece de sua vida.

Em “Mahler”, Russell foge das tradicionais formas que o cinema oferece para retratar compositores famosos. No filme, Robert Powell (famoso como o “Jesus de Nazaré”, de Franco Zeffirelli) é o austríaco Gustav Mahler e atua em impressionante performance, dando vida às crises do artista com relação a sua esposa adúltera e sua confusão em relação aos valores do judaísmo.

Já o western “Quando É Preciso Ser Homem” traz a linda Candice Bergen ao lado de Peter Strauss. Ela é uma professora que viveu com os índios Cheyennes. Num confronte entre a cavalaria e os índios durante o transporte de um cofre, ela é a única sobrevivente do lado indígêna, enquanto o recruta Honus (Strauss) sobrevive pelo lado dos militares. Juntos, mas em conflito, os dois seguem em direção a um forte e testemunham um novo e brutal massacre contra os Cheyennes, o que irá unir os dois.

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