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Festivais

20o. Cine-PE (2016) – noites 5 e 6 (curtas)

Ficção, filme experimental e documentário nos dois últimos dias da competitiva de curtas

Por Luiz Joaquim | 08.05.2016 (domingo)

JULIANA SOARES LIMA

Na noite da sexta-feira, o representante da mostra competitiva de curtas nacionais foi Redemunho: produção paraibana de Marcélia Cartaxo, que também marcou presença atuando no curta-metragem Maria, de Carol Correia, exibido no mesmo dia na competitiva pernambucana. Gravado na cidade de Triunfo, em Pernambuco, Redemunho conta a história de uma família desestruturada num sertão arcaico preso às velhas tradições e apego à genealogia. Vivendo numa casa isolada, um filho vive uma relação tensa com a mãe depois que o irmão morre e a mulher foge com ciganos. Com pouco tempo dedicado a desenvolver seus personagens, é difícil entender e embarcar nas relações tecidas entre a mãe, o filho e as duas outras figuras ausentes.

Já no sábado, a prometida homenagem a Carla Camurati não foi realizada. De acordo com a produção do festival, a cineasta estava com uma forte otite que a impedia de viajar de avião. A homenagem foi adiada para uma outra ocasião.

Os filmes do último dia da mostra competitiva nacional, além do forte apelo visual, pouco tinham em comum. Gramatyka, curta experimental de Paloma Rocha, foi dedicado a Naná Vaconcelos, que compôs a trilha sonora e faleceu em março desse ano. O filme é inspirado no mito da caverna de Platão, revisitado com uma atmosfera onírica e uma forte experiência sensorial e performática.

Em sequência, Bola para Seu Danau, de Eduardo Souza, propõe-se a contar uma versão alternativa para a chegada do futebol ao Brasil. Segundo a narrativa, Thomas Donohoe, conhecido como Danau pela dificuldade de pronunciar seu sobrenome, inaugurou o futebol no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro, bem antes da primeira partida oficial no país. Além da narração e dos depoimentos típicos do documentário, o curta-metragem se utiliza de várias ferramentas para enriquecer sua narrativa. Desde a estética dos filmes mudos, com o uso de cartelas, até uma bonita direção de arte que traz o Seu Danau do século 19 até a Bangu contemporânea. Infelizmente, o uso de tantos artifícios visuais não repara a deficiência da própria construção narrativa do filme. Sem nenhum desenvolvimento, ao fim dos seus seis minutos de duração, o que fica é a impressão que o filme acaba onde deveria começar.

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