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Festivais

15º Fest Varilux do Cinema Francês (2016)

Liberdade, igualdade e fraternidade, mas divertido. Entenda as transformações do festival nestes 15 anos.

Por Luiz Joaquim | 11.07.2016 (segunda-feira)

10-jun-2016 (sexta-feira)

LUIZ JOAQUIM

E aqui vai um texto delicado, uma vez que versa sobre algo que já se tornou uma instituição do calendário cinematográfico no Brasil; mas também é válido, pois essa mesma instituição vem moldando-se a um perfil bem particular, indo noutra direção daquele em sua originalidade. Falamos do Festival Varilux do Cinema Francês.

Antes vamos a um contexto histórico, para aqueles que só recentemente acostumaram-se a encantar-se na cultura cinematográfica francesa uma vez por ano, exatamente pautada por estas duas semanas de filmes provida pelo festival.

Até 2004, ou seja, antes de trazer o nome ‘Varilux’ (um fabricante de lentes e patrocinador majoritário do evento), o festival havia acontecido por três vezes no Brasil (a edição 1 foi em 2002). Esta primeira edição ocorreu sob o patrocínio da Bradesco Seguros, e desde então já contava com a participação do Consulado da França no Brasil e da Aliança Francesa.

A curadoria e produção ficava ao cargo de uma distribuidora paulistana, a Pandora Filmes, cuja lógica pensada ao evento era a balancear igualitariamente a programação com títulos mais ousados (cinematograficamente falando) somados àqueles que foram sucessos de público na França. A Ideia era mostrar ao espectador brasileiro que o cinema feito na França não era composto apenas de peças intelectualizadas, mas também de produtos bem-humorados e leves.

Em 2002, a mostra – cujo nome era Festival do Cinema Francês – trouxe sete títulos, que foram mostrados em 14 salas de cinema em 14 cidades, mas não simultaneamente e sim numa itinerância de cidades aos pares, ao longo de sete semanas entre 02 de setembro a 17 de outubro daquele ano. No Recife, acontecia apenas no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.

A partir de 2005 entre em cena a ‘Varilux’ estampando seu nome do festival, e mantendo a Pandora cuidando de sua curadoria até 2009. É quando, no ano seguinte, o antigo Adido Audiovisual no Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, Christian Boudier, por meio da empresa carioca Bonfilm, assume definitivamente a programação do festival, que segue numa escalada de crescimento. Tanto por um profissionalismo irretocável quanto em volume de filmes, em extensão de programação e participação de mais cidades com o festival – hoje acontecendo simultaneamente em mais de 90 cinemas de 50 cidades, por duas semanas, com 16 filmes.

Com tantos números grandes (inclusive financeiros), vai crescendo também a responsabilidade por um retorno dos investimentos. E, aparentemente, nesse sentido, o festival vem, ao menos nas últimas duas edições, empenhando mais atenção sobre filmes franceses embalados para uma platéia que seja a mais abrangente possível.

Isso significa trazer obras novas da França, mas já comprovado sucessos de bilheteria por lá, e que tentem combinar estrelas do mainstreamcinematográfico francês – como Omar Sy (este ano na programação comChocolate, de Roschdy Zem), Julie Delpy (que também dirige Lolo, o filha da minha namorado), Fabrice Luchini (em A Corte, de Christian Vincent), e até a espanhola Carmen Maura (em La vanité, de Lionel Baier) – com temas que se apresentem como os, por Hollywood chamados, feel good movie. Ou seja, aquele filme bacana que te faz sair leve e sorrindo da sala de cinema.

Isso não implica necessariamente que o filme seja descuidado, ou mesmo ruim. Apenas que operem numa rotação mais próxima do entretenimento, correndo o risco de soar tão bobo, ou mesmo descartável – mesmo que tecnicamente impecável -, quanto o é um típico feel good movie norte-americano (ou brasileiro. Sim, também já o temos).

É possível ainda encontrar filmes um tanto mais duros na programação 2016 deste ‘Varilux’, como os dramas Meu rei, de Maïwenn (com a estrela Vincent Cassel), sobre violência domiciliar, e Agnus Dei, de Anne Fontaine, com freiras grávidas na Segunda Guerra, mas nada próximo da potência que esse mesmo festival já apresentou no passado, com obras de Chabrol (A teia de chocolate), Resnais (Amores parisienses, Guédiguian (A cidade está tranqüila), Jacques Audiard (O Profeta), Demy (Pele de asno) e Ozon (Potcihe: Esposa troféu), entre tantos.

Há de se agradecer, sempre, pela presença constante de ao menos um clássico no Varilux, que este ano nos brinda com Um homem, uma mulher(1966), de Claude Lelouch. Filme que, sim, combina o melhor do que é feito na França. Audácia narrativa, inventividade, elegância e delicadeza.

No Recife, o clássico de Lelouch terá, em caráter especial, duas sessões. Uma neste domingo 12 de junho às 17h25, e no Cinema do Museu no domingo 19 de junho às 18h20.

Programação de todas as salas participantes deste 15º Varilux, edição 2016, no.

DETALHES e SINOPSE DOS FILMES

1) Abril e o mundo extraordinário
Avril et le monde truqué

De Franck Ekinci, Christian Desmares
Com Marion Cotillard, Philippe Katerine, Jean Rochefort
2015 – Animação/Aventura – 1h 45min
Distribuição no Brasil: Bonfilm
Classificação Indicativa: Livre

Sinopse
1941. O mundo está radicalmente diferente daquele descrito e conhecido pela História. Napoleão V reina na França, onde, assim como no resto do mundo, há 70 anos os cientistas desapareceram misteriosamente. O universo francês é mergulhado numa era pré-industrial, centrada no uso do carvão, onde não há rádio, televisão, eletricidade, aviação, motor à combustão. É nesse mundo estranho que a jovem, Abril, parte em busca de seus pais, cientistas desaparecidos, em companhia de Darwin, seu gato falante, e de Julius, jovem vigarista das ruas. Esse trio deverá enfrentar os perigos e os mistérios desse mundo extraordinário. Quem sequestrou os cientistas no passado? Que finalidade sinistra há por trás desse desaparecimento?

2) Agnus Dei
Les Innocentes

De Anne Fontaine
Com Lou de Laâge, Vincent Macaigne, Agata Buzek
2016 – Drama histórico – 1h 55min
Distribuição no Brasil: Mares Filmes
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
Polônia, dezembro de 1945. Mathilde Beaulieu, uma jovem médica da Cruz Vermelha encarregada de tratar sobreviventes franceses antes de serem repatriados, é chamada para socorrer uma freira polonesa. Relutante no início, concorda em ir ao convento, onde trinta freiras Beneditinas vivem afastadas do mundo exterior. Mathilde descobre que várias freiras, que engravidaram em circunstâncias dramáticas, estão a ponto de dar à luz. Aos poucos, surge entre a ateia e racionalista Mathilde e as freiras, ligadas às regras de sua vocação religiosa, relações complexas que aguçadas pelo perigo as tornarão cúmplices para um novo encontro com suas próprias vidas

3) Um belo verão
La belle saison

De Catherine Corsini
Com Cécile de France, Izïa Higelin, Noémie Lvovsky
2015 – Drama – 1h 45min
Distribuição no Brasil: Pandora Filmes
Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse
Em 1971 a França está atravessando a época da liberação sexual e o ápice do feminismo. Neste contexto, Delphine abandona sua família no interior do país para descobrir a vida intensa em Paris. Chegando à capital, conhece Carole, que vive com o namorado Manuel. Delphine e Carole se aproximam e iniciam uma história de amor.

4) Chocolate
Chocolat

De Roschdy Zem
Com Thibault de Montalembert, Omar Sy, James Thiérrée
2016 – Biografia/Drama – 1h50
Distribuição no Brasil: California Filmes
Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse
Do circo ao teatro, do anonimato à glória, a incrível trajetória do palhaço Chocolat, primeiro artista circense negro da França. O duo inédito formado com Footit, alcança um imenso sucesso popular na Paris da Belle époque antes que a fama, o dinheiro fácil, o jogo e as discriminações desgastem a amizade da dupla e a carreira de Chocolat. O filme retrata a história deste extraordinário artista

5) A Corte
L’hermine

De Christian Vincent
Com Fabrice Luchini, Sidse Babett Knudsen, Eva Lallier
2015 – Comédia dramática – 1h 38min
Distribuição no Brasil: Califórnia
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
Michel Racine é um temido juiz, presidente de tribunal. Tão rigoroso consigo mesmo quanto com os outros. É conhecido como “o Presidente com dois dígitos”, nome que lhe foi atribuído por suas sentenças serem sempre superiores a dez anos. Tudo muda no dia em que Racine encontra Ditte Lorensen-Coteret. Ela faz parte do júri popular que deverá julgar um homem acusado de homicídio. Há anos atrás, Racine amava essa mulher. Quase em segredo. Talvez, Ditte, tenha sido a única mulher que ele já amou.

6) Os cowboys
Les cowboys

De Thomas Bidegain
Com François Damiens, Finnegan Oldfield, Agathe Dronne
2015 – Drama – 1h 44min
Distribuição no Brasil: Bonfilm
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
Uma extensa planície, um encontro country western em algum lugar do leste da França. Alain é um dos pilares dessa comunidade. Ele dança com Kelly, sua filha de 16 anos, sob o olhar terno da esposa e do caçula Kid. Mas nesse dia, Kelly desaparece e a vida da família desmorona. Alain não vai desistir de procurá-la, perdendo o amor da família e tudo que possuía. Ele é lançado na violência do mundo. Um universo em plena mudança onde seu único apoio será seu filho Kid, que sacrifica sua juventude e embarca com o pai nessa busca sem fim.

7) Um doce refúgio
Comme un avion

De Bruno Podalydès
Com Bruno Podalydès, Agnès Jaoui, Sandrine Kiberlain
2015 – Comédia – 1h 45min
Distribuição no Brasil: Mares Filmes
Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse
Michel é um artista gráfico que trabalha com seu irmão Remi, e sempre foi fascinado pela ideia de um dia pilotar um avião. Quando descobre que a engenharia de um caiaque é muito parecida com a de uma aeronave, compra um, sem que sua esposa saiba.

8) Flórida
Floride

De Philippe Le Guay
Com Jean Rochefort, Sandrine Kiberlain, Anamaria Marinca
2015 – Comédia dramática – 1h 50min
Distribuição no Brasil: Mares Filmes
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
Aos 80 anos, Claude Lherminier ainda conserva sua imponência, apesar dos frequentes ataques de confusão e esquecimentos. Condição que ele se recusa a admitir. Carole, sua filha mais velha, trava uma batalha diária e desgastante para cuidar do pai. E, por um capricho, Claude decide viajar à Flórida, deixando no ar o motivo dessa viagem repentina.

9) Um amor à altura
Un homme à la hauteur

De Laurent Tirard
Com Jean Dujardin, Virginie Efira, Cédric Kahn
2016 – Comédia romântica– 1h38
Distribuição no Brasil: California Filmes
Classificação Indicativa: 10 anos

Sinopse
Diane, é uma bela mulher com muitos senso de humor e personalidade forte. Advogada bem sucedida, está recém-separada de um casamento que já não a satisfazia, e agora está livre para buscar a felicidade e um novo amor. Como uma ação do acaso, recebe um telefonema de Alexandre, um charmoso arquiteto que ela não conhece, mas que encontrou o telefone celular que ela havia perdido. Um simples encontro para a devolução do telefone, toma um rumo inesperado.

10) Lolo, o filho da minha namorada
Lolo

De Julie Delpy
Com Julie Delpy, Dany Boom, Vincent Lacoste
2015 – Comédia – 1h 37min
Distribuição no Brasil: Mares Filmes
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
De férias no sul da França, Violette, sofisticada parisiense quarentona que trabalha no mundo da moda, encontra Jean-René, um modesto técnico de informática recém-divorciado. Após anos de solidão, Violette deixa-se seduzir. René junta-se a ela em Paris, tentando se adaptar ao ambiente parisiense no qual ela vive. Mas não conta com a presença de Lolo, filhinho querido de Violette, disposto a tudo para destruir o casal e conservar seu lugar de favorito.

11) Viva a França!
En mai fais ce qu’il te plait

De Christian Carion
Com August Diehl, Olivier Gourmet, Mathilde Seigner
2015 – Drama histórico – 1h 54min
Distribuição no Brasil: Fenix Distribuidora
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
Em maio de 1940, as tropas alemãs estão prontas para invadir a França. Assustados com o progresso do inimigo, o povo de uma pequena vila decide desafiar as ordens do governo, fugir e desbravar rotas desconhecidas para se esconder da ameaça estrangeiras.

12) Meu rei
Mon roi

De Maïwenn
Com Vincent Cassel, Emmanuelle Bercot, Louis Garrel
2015 – Drama – 2h 08min
Distribuição no Brasil: Mares Filmes
Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse
Depois de um grave ferimento no joelho, Tony se muda para o sudoeste francês para realizar um longo tratamento capaz de ajudá-la a caminhar normalmente. Mas esta não é a sua maior dor: ela ainda amarga um relacionamento infeliz com Georgio, homem violento e possessivo com quem tem um filho. Aos poucos Tony consegue se recompor e aprende a se defender.

13) Marguerite
Marguerite

De Xavier Giannoli
Com Catherine Frot, André Marcon, Michel Fau
2015 – Comédia dramática – 2h 07min
Distribuição no Brasil: Mares Filmes
Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse
Nos anos 1920, em Paris, Marguerite Dumont é uma mulher rica, apaixonada por música e ópera. Há anos canta regularmente para seu círculo de conhecidos. Marguerite é muito desafinada, mas isso nunca ninguém lhe disse. Seu marido e seus amigos mais próximos sempre mantiveram suas ilusões. Tudo se complica no dia em que Marguerite põe na cabeça que vai cantar diante de um público de verdade na Ópera Nacional de Paris.

14) O novato
Le nouveau

De Rudi Rosenberg
Com Max Boublil, Raphael Ghrenassia, Joshua Raccah
2015 – Comédia– 1h 21min
Distribuição no Brasil: Bonfilm
Classificação Indicativa: 10 anos

Sinopse
A primeira semana de Benoit em seu novo colégio não acontece como ele esperava. Ele é maltratado pelo grupo de Charles, os garotos populares, e os únicos alunos a recebê-lo com bondade são os mais cafonas. Felizmente, há Johanna, uma linda sueca com quem Benoit faz amizade e se apaixona. Infelizmente, ela vai aos poucos se afastando de Benoit para integrar o grupo de Charles. Seguindo os conselhos do tio, Benoit organiza uma festa e convida toda sua turma. É a ocasião de ser tornar popular e reconquistar Johanna.

15) La vanité
La vanité

De Lionel Baier
Com Patrick Lapp, Carmen Maura, Ivan Georgiev
2015 – Comédia dramática – 1h 15min
Distribuição no Brasil: Supo Mungam
Classificação Indicativa: 12 anos

Sinopse
David Miller decide dar fim a sua vida. Para isso, esse velho arquiteto doente, recorre a uma associação de suicídio assistido. Mas Espe, a atendente da clínica, não parece estar muito a par do procedimento, enquanto David Miller tenta de todo jeito convencer Tréplev, prostituto russo do quarto ao lado, a ser testemunha do seu último suspiro, como a lei exige na Suíça. Durante uma noite, os três vão descobrir que a afeição pelos outros e talvez o amor sejam os únicos sentimentos que realmente persistem.

Homenagem ao 50º aniversário de lançamento do filme
Um homem e uma mulher (Une homme et une femme)
De Claude Lelouch
1966 – Vencedor Palma de Ouro – Festival de Cannes e Oscar – Melhor filme estrangeiro e Melhor roteiro original

16) Um homem e uma mulher
Une homme et une femme

De Claude Lelouch
Com Jean-Louis Trintignant, Anouk Aimée, Pierre Barouh
1966 – Romance – 1h40
Distribuição no Brasil: Bonfilm
Classificação Indicativa: 14 anos

Sinopse
Durante uma tarde de domingo, visitando seus filhos no colégio interno, o piloto de corridas Jean-Louis Duroc e Anne Gauthier se encontram. Assim continua nos próximos fins de semana, eles vão conhecendo um ao outro e logo descobrem que ambos são viúvos, perderam seus parceiros recentemente. Depois de uma grande amizade, eles começam um relacionamento, mas a memória dos amores perdidos ainda é muito forte.

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