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Ocaso de uma casa de memórias

Cuidar de filmes é como cuidar de pessoas.

Por Luiz Joaquim | 28.07.2016 (quinta-feira)

Cuidar de filmes é como cuidar de pessoas. E, da mesma forma, na medida em que você ama filmes (ou pessoas), eles serão tratados melhor. Mas, claro, amor não é suficiente para salvar e preservar filmes (ou vidas), ele (o amor) será mais plenamente usufruído estando de braços dados com competência técnica nesse cuidado.

É provável que para leigos no campo do audiovisual o incômodo provocado na específica categoria pela exoneração definida pelo MinC e publicada terça-feira (26/7) contra os funcionários da Cinemateca Brasileira (CB) não pareça algo tão grave.

Mas é.

É, entre outros motivos, porque estamos falando do gerenciamente adequado de nosso acervo cultural, de nossa história. De nós.

E no caso, ao falar da CB, que é uma instituição das mais bem aparelhadas em sua área (isso por fruto do trabalho abnegado e amoroso de um grupo que a fez ser o que ela é hoje), estamos falando também de sua capacitação pessoal (até anteontem) em preservar o nosso ‘presente’ para o nosso ‘futuro’.

Nas redes sociais, a figura de Olga Futemma, a até então Coordenadora-geral dali, tornou-se, para além dos outros agora ex-funcionários, um símbolo dessa injustiça, ou ainda, um símbolo do equívoco promovido.

Olga era servidora da CB há 32 anos, junto a equipe que lhe restou após os desmonte promovido em 2013 pela ex-ministra Marta Suplicy, em fevereiro de 2013 (quando a instituição sofreu um corte de 52% de um total de 124 funcionários, inviabilizando seu pleno funcionamento). O argumento era o de promover ajustes administrativos.

Como orientação agora para a substituição de Futemma, o MinC indicou o produtor Oswaldo Massaini Filho. Hoje (28/7), dois dias após o anúncio, o colunista Guilherme Genestreti, publicou pela sua coluna Sem legenda, no jornal Folha de S. Paulo, que um processo corre em segredo de Justiça no qual “Massaini aparece como responsável por acompanhar os investimentos da apresentadora Márcia Goldschmidt na corretora de valores SLW, onde ele atuou como gestor autônomo”.

E a nota continua: “Segundo o Ministério Público, que apresentou as alegações finais em 2015, Massaini falsificou extratos de investimentos com dados falsos para que ela não percebesse ‘a subtração’”.

Bem… que as acusações sejam esclarecidas, e que alguém continue cuidando da Cinemateca Brasileira com a pureza do amor pelos filmes e com o conhecimento técnico indispensável para que nossa memória (nós) não morra(mos).

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