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Críticas

Tô Ryca!

Pinto no lixo, pobre no luxo

Por Luiz Joaquim | 22.09.2016 (quinta-feira)

Neste filme brasileiro, a protagonista é uma mulher que resiste às intempéries que a vida lhe apresenta, e em sua trilha sonora o que escutamos é uma empolgante canção da banda Queen. Não estamos falando de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, mas sim de Tô Ryca! (Bra., 2016), de Pedro Antônio.

A maneira mais rápida de apresentar Tô Ryca! (escreve assim mesmo, com ‘Y’) é dizer que esta é a versão feminina de Até que a sorte nos separe, de Roberto Santucci. Filme que dourou a estrela de Leandro Hassum.

A diferença entre o destino da pobre Selminha, vivida em Tô Ryca! por Samantha Schmütz  (de Minha mãe é uma peça 1 e 2), e o destino do pobre Tino, vivido por Hassum, é que ela não ganha sua fortuna pela loteria, mas a herda de um tio desconhecido.

O chiste aqui é que ela terá de gastar, em segredo, R$ 30 milhões (sem comprar nada para si) em 30 dias para merecer os R$ 300 milhões da herança.

Ainda que nos primeiros 15 minutos enquadre num esterótipo raso a personagem da pobre carihóóca Selminha e sua melhor amiga Luane (Katiuscia Canoro, de E aí, comeu?) Tô Ryca! é de uma dinâmica atraente nessa abertura.

Muito disso deve-se a Schmütz, à vontade no papel que lhe pede para transitar pelo ambiente humilde da favela até o posto de gasolina onde trabalha como frentista com Luane, e que para chegar lá toma três conduções. Sempre com uma queixa na ponta de língua, e sempre reclamando da falta de um homem em sua vida, Selminha sabe, no fundo, que a vida vale a pena se tem sua amiga ao seu lado.

 

A ideia da fortuna inesperada acaba tornando-se apenas o velho e mesmo pretexto para as piadas da gafe do pobre no luxo. Aqui, nas situações que Selminha cria – vide a festa na boate – serve quase como uma vingança contra os ricos, o que nesse sentido deve dar a muito de seus espectadores o que eles gostariam de ver.

Uma eleição municipal na cidade do Rio de Janeiro – daí a esperteza em colocar o filme em cartaz nesse setembro de 2016 – coloca o filme num outro estágio, o que de certa forma valoriza as piadas pelo óbvio do que estamos habituados a ver em campanhas partidárias e que aqui ganham um verniz forte, caricato e divertido, principalmente com Marcelo Adnet representando um candidato ultraconservador, para ser bonzinho na descrição.

Ao final das piadas, volta a mensagem inicial, de que o dinheiro não vale nada se você não tem sua verdadeira amiga ao seu lado. E tudo acaba bem pois o mundo, ôps, o Rio de Janeiro é lindo.

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