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Críticas

Vozes do Além

Macumba eletrônica

Por Luiz Joaquim | 18.02.2005 (sexta-feira)

Está em cartaz “Vozes do Além” (White Noise, EUA,
2005), de Geoffrey Sax. O desconhecido Sax é um ativo
diretor de filmes para televisão que, nesta sua
estréia na tela grande, não vai além das limitações
narrativas que o meio TV tradicionalmente impõe ao
telespectador comum. Ou seja, “Vozes do Além” se
resume a construção narrativa óbvia, a partir de uma
trama marcada, quase que por minuto a minuto, via
regras engessadas de comoção e sustos.

Na primeira meia-hora conhecemos John (Michael
Keaton), arquiteto, casado pela segunda vez com a
renomada escritora Anna Rivers (Chandra West), e tutor
do filho pequeno, fruto do primeiro casamento, Mike
(Nicholas Elia). Sax, pelo roteiro de Niall Johnson,
acompanhado pelo invasiva e desnecessária trilha
sonora de Claude Foisy, apronta aqui o envolvimento do
espectador com a feliz família do arquiteto.

Uma vez que todos na platéia estão felizes junto com a
perfeição que é a vida do protagonista, uma tragédia
tira a vida de Anna e dá o mote para a segunda parte
do filme. Até chegar ao trigésimo minuto de projeção,
o diretor Sax vai arrastando o público no que ele
acredita ser a representação do sofrimento pela perda
de um ente querido. Lá pelo trigésimo primeiro minuto,
a trama segue para a direção do sobrenatural. É quando
John descobre que pessoas mortas podem se comunicar
com os vivos via aparelhos eletrônicos e inclusive
aparecer nas imagens de estática dos monitores de TV.
No mundo fora do cinema, o efeito existe de fato e é
conhecido como transcomunicação instrumental (EVP –
Eletronic Voice Phenomenon).

Até completar uma hora de filme, Jack fica obcecado
pela fenômeno e tenta ouvir e ver uma mensagem de paz
vinda de Anna. Mas, do além, a aura da falecida surge
como um holograma com defeito e fica repetida vezes
“Vá… agora”, “Vá…agora”. Isso sgnifica que alguma
coisa está errada do lado de lá e, do lado de cá, John
precisa fazer alguma coisa. Está pronto para o mote da
última meia hora deste filme feito por cartilha.

Afora toda essa obediência cega a uma fórmula gasta
por Hollywood (e aqui mal execultada), “Vozes do Além”
traz Michael Keaton com sua interpretação robótica
lembrando seu personagem mais memorável, no filme
“Beetlejuice: Os Fantasmas se divertem”. O problema é
que na comédia de 1988 ele podia fazer a pantomima que
quisesse, mas aqui soa no mínimo, vamos dizer, pobre’,
para sermos benevolentes.

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