Quarteto Fantástico
Quatro vezes mediano
Por Luiz Joaquim | 06.07.2005 (quarta-feira)
O “Quarteto Fantástico” (Fantastic Four, EUA, 2005),
estreando hoje, inicia com uma falácia científica a
respeito de uma tempestade cósmica e o segredo do
código genético da humanidade que é bem desanimador
para aqueles que entram na sala do cinema sem ter
cursado um pós-doutorado em biofísica.
Dirigido por Tim Story (do catastrófico “Táxi”), essa
adaptação baseada nos personagens da Marvel criados em
1961 por Jack Kirby e Stan Lee (que faz uma ponta aqui
como um carteiro), peca pelo excesso mas se redime na
fidelidade com a qual os atores Ion Gruffudd (Sr.
Fantástico/Reed), Jéssica Alba (Mulher Invisível/Sue),
Chris Evans (Tocha Humana/Johnny), e Michael Evans (O
Coisa/Ben) personificam os super-heróis.
A falácia na abertura é para tentar explicar aos não
iniciados nos quadrinhos o processo de contaminação
radiativa (ou algo que o valha) pelo qual o quarteto
de cientistas foi submetido na viajem que fazem ao
espaço com o patrocinador da pesquisa Victor Von
Doom/Dr. Destino (o caricato ator Julian McMahon).
Passada a turbulência inicial, vêm os momentos
divertidos do filme. Assim como no primeiro
“Homem-Aranha” (2002), quando Peter Parker descobre
seus poderes, o roteiro do “Quarteto Fantástico”
também concentra o melhor de sua empatia com o público
na carga de alegria de Johnny com sua combustão
instântanea, no susto de Sue com sua invisibilidade e
Reed com sua elasticidade, e na tristeza e depressão
de Ben com um corpo coberto por rochas no lugar da
epiderme.
Bons efeitos especiais, em particular quando o
quarteto faz seu primeiro salvamento e ganham o status
de super-heróis pela mídia, fazem do filme um
entretenimento OK, mas vazio para os adultos,
suscitando pensamentos como “esse filme deveria ser
proibido para maiores de 14 anos”. Mais uma vez, a
fidelidade que o roteiro de Michael France (de “Hulk”)
e Mark Frost (de “Twin Peaks”) cumpre com o HQ da
Marvel merecem crédito, particularmente no que diz
respeito a essência do grupo que, separados, não são
tão interessantes ou super-poderosos como são quando
unidos. A idéia de família, incluindo aí as
aporrinhações inocentes do Tocha com O Coisa, também
estão bem representadas.
A super-vilanice aqui fica ao cargo do bilionário
mercenário Victor, que se transforma em Dr. Destino,
uma criatura que vai ganhando uma cobertura de aço por
todo seu corpo e tem capacidade de absorver e
manipular energia elétrica. Talvez esteja aqui, no
ator McMahon, a pior escolha da produção, assim como
alguns buracos de lógica presentes nas explicações
científicas do roteiro que, para percebê-los,
independe de possuir pós-doutorado em biofísica.
Curiosidade: Em 1994, Roger Corman produziu “The
Fantastic Four”. Dirigida por Oley Sassone, a
adaptação não autorizada por Stan Lee tornou-se
clássica entre os fãs do super-grupo pela sua postura
assumidamente trash.
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