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Reportagens

A superprodução de Simião Martiniano

Nosso camelô de cinema recebe patrocínio pela primeira vez em sua carreira

Por Luiz Joaquim | 26.01.2006 (quinta-feira)

Na noite de anteontem, no restaurante “Bode do Nô”,
bairro de Afogados, foi dado mais um passo em direção
a conclusão de “A Valise Foi Trocada”, novo
longa-metragem que Simião Martiniano, 69 anos, vem
rodando aos pedaços desde 2003. Em 2006, o projeto
ganhou um reforço determinante com a colaboração do
produtor Marcílio Lisboa. Ele vem intermediando
negociações de recursos com instituições públicas e já
conseguiu apoio da Áudio & Vídeo Produções para captar
imagens nesta nova trama de “ação policial”, que o
“camelô do cinema” escreveu e dirige.

O lançamento de “A Valise Foi Trocada” – que, pelos
planos de Simião, acontece até abril próximo – deverá
gerar bastante interesse. Primeiro porque, hoje,
Simião já é compreendido e respeitado como um autor,
além de ter ganhado notoriedade no Brasil, em 1998,
com o curta-metragem de Clara Angélica sobre a
história desse alagoano apaixonado por cinema.

Segundo porque “A Valise…” teve cerca de 80% das
imagens gravadas em vídeo, no formato Super-VHS,
depois em MiniDV, e agora termina com uma câmera
profissional da Sony (modelo DSR250), emprestada pela
produtora parceira. Isto fará o trabalho ser, talvez,
o primeiro a reunir, num mesmo filme, vários formatos
de vídeo tão distintos em temos de resolução de
imagem.

Há, ainda, o emprego de outros equipamentos e o
trabalho de técnicos da “Áudio & Vídeo”, que fazem
deste novo filme (pelo menos o final dele) uma
superprodução, se considerarmos os padrões de Simião.
Pela primeira vez, o cineasta trabalha com
video-assistent (pequeno monitor no qual o diretor
acompanha, em tempo real, o enquadramento da
gravação); e microfone boom (ultrasensível e
direcional para captar diálogos). O filme terá até um
canção (um maracatu) exclusiva; composta e
interpretada por Marcílio Lisboa.

ENREDO
Antes de começar as filmagens no “Bode do Nô”, Simião
lembrou à reportagem que “A Valise Foi Trocada”, com
orçamento total calculado em R$ 30 mil, é seu nono
filme: “Tenho dois curtas-metragens e seis longas”.
Entre eles estão os populares “O Herói Trancado”
(1988/89), “O Vagabundo Faixa-Preta” (1992) e o mais
recente “A Moça e O Rapaz Valente” (1997/99). No novo
filme, o diretor trabalha com os mesmos atores que o
acompanham há quase de 20 anos.

Na trama de “A Valise…”, o dono de uma fábrica
(Antônio Ventura) dá uma valise a seu funcionário
braço-direito, Jonas (José Manuel), para que vá ao
banco depositar os R$ 2,5 milhões ali contidos. Antes
de chegar no banco, Jonas pára numa farmácia para
comprar uma aspirina e se enamora com a farmacêutica.
Distraído, não percebe que um “crente pobrezinho”
(Borba Gato), com uma valise similar, pega a valise do
dinheiro por engano. Quando finalmente chega no banco,
Jonas descobre o engano e é preso sob solicitação de
seu patrão.

Muita correria acontece depois, com a Polícia Civil e
Militar dando apoio às cenas de ação, até que o bem
vence o mal, como em todas as obras de Simião. Para
concluir as filmagens faltam produzir três seqüências:
uma no Fórum do Recife, outra numa fazenda e mais uma
na fábrica do protagonista. O filme já teve cenas
rodadas na praça de Moreno, no Espaço Passargada e na
Ponte Duarte Coelho, onde o ator José Olímpio (mais
conhecido como o -vagabundo faixa-preta-) pulou no Rio
Capibaribe enquanto fugia da polícia, que o confundiu
com um ladrão da tão cobiçada valise que foi trocada.

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