Longas-metragens em gestação
Produire au Sud otimiza roteiros brasileiros
Por Luiz Joaquim | 11.04.2006 (terça-feira)
É bem provável que em 2009, 2008 ou mesmo no ano que vem o leitor venha a ler bastante notícias sobre os longas-metragens “Bestiário” (da Paraíba), “A Canção do Largato Preto” e “KFZ-1348” (ambos de Pernambuco), “Condomínio Jaqueline”, “Corpo Presente” e “Teste” (todos de São Paulo), “DesNorteados” (do Espírito Santo) e “Estômago” (do Paraná). Por enquanto eles são apenas projetos que passaram pela oficina “Produire au Sud” versão Brasil, que teve seu encerramento na tarde de anteontem com um pitching aberto ao público no Cinema da Fundação.
Depois de quatro dias discutindo aspectos técnicos, jurídicos, financeiros e de elaboração de roteiro com quatro especialistas estrangeiros e com a produtora paulista Sara Silveira, da Dezenove Som e Imagens, as oito duplas, de produtor e diretor, tiveram cerca de 20 minutos para defender seus projetos como se estivessem diante de possíveis parceiros financeiros ou co-produtores internacionais.
Segundo a criadora do “Produire au Sud”, Elise Jalladeau, o mais importante para ter êxito e mais difícil de se conseguir em pitchings assim é “ser confiante e combinar isso a uma sedução. Tem de inspirar desejo nesse possível parceiro. Algo importante, nesse sentido, é ter todas as respostas para qualquer pergunta que se faça sobre seu projeto, mesmo que a resposta seja: ‘Isto ainda está em definição’, uma vez que seu projeto é um trabalho em processo”, explicou.
Ao final das apresentações, Sara Silveira complementou dizendo que aparentar segurança só é conseguido com experiência no mercado, e que “uma boa porta de entrada na Europa é Portugal. Não temos a barreira do idioma, eles têm dinheiro e querem investir em co-parcerias com o cinema brasileiro, que hoje está na moda”. Sara também lembrou a Jalladeau, ao delegado Geral do Festival des 3 Continents (F3C), Guillaume Marion, e ao argentino especialista em roteiro Gualberto Ferrari, que esse compromisso iniciado aqui deve se estender para além do encontro no Recife. “Muitas vezes, um telefonema de Jalladeau pode encurtar o caminho entre o produtor brasileiro e o europeu”, disse. A própria Silveira anunciou que irá apoiar dois projetos dos oito ali apresentados.
Por experiência, Silveira prevê que “A Canção do Largarto Preto”, de Camilo Cavalcanti com produção de Sérgio Oliveira, teria boas chances de co-produção com investidores portugueses. Com custo estimado de um milhão de euros, o projeto tem como argumento a história de Romero, um publicitário em São Paulo que viaja a Angola para fazer uma campanha para o governo do país africano, e lá passa por uma experiência transformadora.
O outro projeto pernambucano, “KFZ-1348”, de Marcelo Pedroso e Gabriel Mascado, com produção de João Vieira Jr, da Rec Produções (“Cinemas, Aspirinas e Urubus”) foi o único documentário aceito no “Produire au Sud”. O filme deverá mostrar um pouco das transformações sociais, políticas e econômicas das últimas décadas no Brasil através de todos os ex-proprietários de um Fusca 1965. O “Produire au Sud” é parte integrante do F3C, que tem sua itinerância acontecendo até amanhã no Cinema da Fundação e Cineteatro Apolo (veja roteiro).
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