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Reportagens

Os 80 anos de um mestre

Fernando Spencer, 80 anos

Por Luiz Joaquim | 17.01.2007 (quarta-feira)

Quando Fernando José Spencer Hartmann nasceu, a 17 de
janeiro de 1927, o cinema tinha apenas 32 anos e saía
da era muda para os filmes com som. Hoje, completando
80 anos, Spencer é um nome que se confunde com o do
próprio cinema em Pernambucano, sendo respeitado por
todos da área. Ativo, o agora octagenário, alimenta o
desejo de realizar três projetos.

Um deles é o filme “Almery, A Estrela”, sobre a
prolífera atriz do Ciclo do Recife; além do
documentário “Nossos Ursos Camaradas”, com depoimentos
de Mário Souto Maior sobre como essa figura polar
tornou-se comum na nossa cultura carnavalesca; e há
ainda o projeto de transformar em livro os cerca de 40
anos de sua produção jornalística.

Spencer começou a colaborar no Diário de Pernambuco no
final dos anos 1950, integrando o quadro de redatores
do jornal. No início da década seguinte, passou a
assinar diariamente a coluna de cinema, além de
apresentar os programas “Falando de Cinema”, na
extinta TV Tupi, e “Filmelândia”, na Rádio Clube, por
mais de dez anos.

Em 1973, o jornalista torna-se uma dos mais produtivos
realizadores pernambucanos. Foi figura de destaque no
Ciclo Super-8, tendo dirigido cerca dezenas de obras
nessa bitola até 1981. Apesar de também fazer ficção,
firma-se como documentarista voltado para a cultura
pernambucana e nordestina de um modo geral. São dele
trabalho focando a briga de galo (“Valente É o Galo”),
a cerâmica de Caruaru (“Adão Foi Feito de Barro”), e
personalidades decisivas na cultura pernambucana (“Um
Instante, Maestro Nelson Ferreira”, “Frei Damião: Um
Santo do Nordeste?”).

Quando passou para o 16mm e 35mm, em 1979, o cineasta
dá vazão a sua criatividade resgatando um período rico
na cinematografia nacional: o Ciclo do Recife, nos
anos 1920. Nesta linha, Spencer fez “Jota Soares, Um
Pioneiro do Cinema”, “Almeri e Ari”, “Ciclo do Recife
e da Vida”, “Memorando o Ciclo do Recife”, e “Estrela
de Celulóide”. Já nos anos 1990 rodou com Amin Stepple
“História de Amor a 16 Quadro por Segundo”. E foi
também pela determinação de Fernando Spencer que a
Fundação Joaquim Nabuco criou sua cinemateca.

Ainda neste mês, dia 29, a produtora Página 21
promoverá uma homenagem ao mestre projetando, no
Cinema da Fundação, “Paixão por Cinema”, documentário
sobre a obra de Spencer, dirigido em 2006 por Marcílio
Brandão. Junto ao DVD, serão projetados os curtas “A
Trajetória do Frevo” e “Nelson Ferreira”, ambos
documentários de homenageado. O evento, assim, celebra
também os 100 anos do Frevo em 2007.


 

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