As Férias de Mr. Bean
Mr. Bean apronta em Cannes
Por Luiz Joaquim | 05.04.2007 (quinta-feira)
Rowan Atkinson, mais conhecido pelo seu personagem
criado em 1990, Mr. Bean, é esperto. Nesta segunda
incursão num longa-metragem pelo cinema, “As Férias de
Mr. Bean” (Mr. Bean’s Holiday, Ing./Fra., 2006), ele
ganha numa rifa o direito a uma viagem – com tudo
pago, além de uma câmera digital de presente – à
riviera francesa, mais especificamente a Cannes.
Não por coincidência, lá acontece o festival de cinema
mais badalado do mundo, e lá o atrapalhado britânico
com nome de feijão ganha os aplausos numa premiere
mundial, ao menos na lógica do próprio “As Férias de
Mr. Bean”, dirigido por Steve Bendelack.
Nesse sentido, as confusões feitas aqui por este
comediante silencioso (mas não mudo) perpassam pelo
universo do cinema e, em certo sentido, agradam, ou ao
menos chamam a atenção, quando parodiam o mundo
intelectualizado do cinema. O problema é que até
atingir seu ápice, Atkinson vai conduzindo “As
Férias…” com esquetes de pouca força que só fazem
lembrar como era genial um outro comediante silencioso
(mas não mudo) da França.
Em 1953, Jacques Tati escreveu, atuou e dirigiu “As
Férias do Sr. Hulot”, filme que por coincidência
(será?), vemos o desastrado Hulot causando desastres
involutariamente durante suas férias numa praia, assim
como acontece com Bean aqui. O personagem Hulot era
para Tati o que Bean é para Atkinson. Mas a diferença
é que Hulot era essencialmente doce, enquanto Bean
guarda uma certa indiferença com suas vítimas.
Desencontro com trens estavam no rol de piadas de
Hulot, assim como também no filme de Bean. Outra piada
neste novo filme, quando o inglês aparece numa
bicicleta velha correndo mais rápido que ciclistas
profissionais, é chupada diretamente de outra obra de
Tati (sua primeira), “Carrosel da Esperança” (1948),
no qual vivia as desventuras de um carteiro. Em
resumo, “As Férias de Mr. Bean” até seria
interessante, se Jacques Tati nunca tivesse nascido.
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