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Festivais

14º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (1)

Vídeos mato-grossenses abrem todos os dias do festival

Por Luiz Joaquim | 29.05.2007 (terça-feira)

CUIABÁ (MT) – O cerrado mato-grossense é o palco de uma maratona de filmes que já está em sua 14ª edição. O Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá deste ano, cujo tema é “Movimentos”, mostra 165 produções do Brasil e da Bolívia, numa seleção abrangente do que já passou pelos principais festivais de cinema do País. Passada a estranheza inicial de ver um festival de cinema ser realizado em uma sala de multiplex, com capacidade para cerca de 300 pessoas, o festival, de quebra, mostra a quantas anda a produção local. Só no sábado, foram doze filmes, em duas sessões, divididos em vídeos, curtas e longas-metragens.

Os vídeos mato-grossenses abrem todos os dias do festival, e se vê logo que eles, infelizmente, ainda tem muita estrada para percorrer, a julgar pelas apresentados anteontem à noite. O primeiro vídeo da sessão, “Baixa Meu Busão”, retrata um protesto realizado em Cuiabá para a diminuição das passagens de ônibus, algo que também faz parte da história recente do Recife. Diferentemente de seu “filme-irmão”, o pernambucano “15 Centavos”, exibido no Festival de Vídeo do Recife, o filme cuiabano apela para o simplismo em cenas de briga e no uso de imagens de arquivo. “Que Fim Levou Mário” e “Extremo” (MT), infelizmente, têm deficiências graves tanto na forma quanto no desenvolvimento dos personagens.

A animação em preto-e-branco “A Noite do Vampiro” (DF), de Alê Camargo, cativou a platéia com uma história simples e engraçada sobre um vampiro que tem problemas para descansar em paz. “Sumidouro” (MG), do coletivo Camisa Listrada, mostra a transição na vida de várias comunidades que foram desalojadas com a construção de uma hidroelétrica, tema interessante, mas que seria melhor trabalhado ainda se a direção deixasse os maneirismos em segundo plano e desse mais espaço para o desenvolvimento dos personagens. Já o excelente “Querô”, de Carlos Cortez, o primeiro longa da noite, fez com que os espectadores ficassem envolvidos com a trama e dá destaque a atuações impressionantes, principalmente do personagem-título, um adolescente ao qual foi negado o básico para a formação de um ser realmente humano.

A segunda sessão veio com mais produções locais, “Sozinhos”, “Cachaça” e “Alves de Oliveira”, este último fundador de um dos jornais de Cuiabá, que ganhou um relato chapa-branca com maior relevância para quem tem alguma ligação com a capital do Mato Grosso. “Nó de Rosas” tem como objetivo tratar de orgasmo feminino (ou da falta dele) e impressiona pelo apuro da técnica e beleza da fotografia, mas se perde nos diálogos pouco naturais. Os filmes que impressionaram mesmo foram o afro-mangá “Yansan” (SP), de Carlos Eduardo Nogueira e a crônica intimista sobre o amor “Cão Sem Dono” (RS-SP), de Beto Brant, já exibidos no Cine PE.

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