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Festivais

Cannes, sexagenário

Edição 2007 reflete sobre o futuro

Por Luiz Joaquim | 16.05.2007 (quarta-feira)

O dia de Ano Novo para o cinema é hoje, e a festa acontece na reviera francesas, mais precisamente em Cannes, onde inicia a 60° edição do festival que leva o nome do balneário, seguindo até o dia 27. Para comemorar a data redonda, a organização promove às 14h30 (horário francês) na Sala Buñuel (Palais des Festivals) uma conferência para refletir as oportunidades e desafios para a próxima década no cinema, a partir da evolução nos hábitos do público, e das amarras entre o cinema “de arte” e as novas plataformas de divulgação de filmes.

Representantes da indústria, jornalistas, sociólogos compartilharão experiências e perspectivas a respeito da rápida evolução da economia digital, formando novas regras para diretores, produtores e distribuidores, ao mesmo tempo em que forma um novo grupo de realizadores e espectadores.

A iniciativa revela um pouco da preocupação do tradicional festival com a modernidade, e do aspecto glamouroso do evento aliado à reflexão crítica, e isso transparece inclusive nos 22 filmes da programação competitiva. A esse respeito, Gilles Jacob, presidente do Festival, teria dito que em 2007 “quisemos misturar grandes nomes aos jovens que surgem”.

Sob os auspícios de diretor artístico, Thierry Frémaux – o homem que dá a palavra final sobre o que exibe na mostra oficial do Festival – Cannes será aberto hoje à noite com a exibição, no Grand Theatre Lumière, de “My Blueberry Nights”, obra de Wong Kar Wai, cineasta chinês lembrado com carinho por sua participação em 2000 com “Amor à Flor da Pele”. No novo filme, Kar Wai trabalha pela primeira vez com elenco norte-americano – Jude Law, Tim Roth, Natalie Portman, Rachel Weisz – para contar a jornada pelos Estados Unidos de Elisabeth (a cantora Nora Jones), em busca de uma solução sentimental na medida em que esbarra com pessoas fora do comum.

Além de Kar Wai, teremos mais veteranos já contemplados em outras edições com aquele que é o troféu mais cobiçado do mundo do cinema: a Palma de Ouro. São eles os americanos Quentin Tarantino (“À Prova de Morte” ou “Death Proof”); Gus Van Sant (“Paranoid Park”); Ethan e Joel Coen (“No country for Old Men”) e o sérvio Emir Kusturica (“Promise me This”).

Também merece atenção o alemão Fatih Akin (“The Edge of Heaven”); os russos Sokurov (“Alexandra”) e Andrey Zvyagintsev (“The Banishment”); e a francesa Catherine Breillat (“Une Vieille Maitresse”). O americano David Fincher estréia na competição com “Zodiac”, e o coreano Kim Ki-Duk mostra seu “Death”.

A mostra fora de competição (com quatro filmes) não é menos interessante. Estão lá Michael Moore, com “Sicko” – um documentário tragicômico sobre 45 milhões de pessoas sem plano de saúde no país mais rico do mundo; Steven Soderbergh com “Treze Homens e um Novo Segredo”; Michael Winterbottom, com “A Mighty Heart”; e Denys Arcand (de “Invasões Bárbaras”) com o filme de encerramento “L’Âge des Ténèbres”

Desde 2004, Cannes exibe a mostra “Classics” a serviço da redescoberta do cinema. Este ano o Brasil aparece aqui com uma cópia restaurada de “Limite” (1930), de Mário Peixoto, assim como “Kanal” (1957), de Andrzej Wajda, e “Doze Homens e Uma Sentença” (1957), de Sidney Lumet. A mostra ainda homenageia o centenário de John Wayne e os filmes de Shakespeare com Sir Lawrence Olivier, além de exibir um documentário sobre Marlon Brando.

O Brasil vai estar em mostras paralelas, mas não menos importantes. Os longas “Mutum”, de Sandra Kogut, passa na Quinzena dos Realizadores, enquanto Lina Chamie exibe “A Via Láctea”, na Semana da Crítica. Também nesse programa estão “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas, e “Saliva”, de Esmir Filho (diretor de “Alguma Coisa Assim”, quase-exibido no Cine-PE 2007). Há ainda a seleção de “Saba”, de Thereza Menezes e Gregório Graziosi no “Cinefondation”, programa destinado à filmes realizados em escolas de cinema de todo o mundo.

Seleção oficial 2007 – Competitiva de longas-metragens

“My Blueberry Nights”, de Wong Kar Wai (China), filme de abertura

“Auf der Anderen Seite”, de Fatih Akin (Alemanha)

“No Country for Old Men”, de Joel e Ethan Coen (EUA)

“Zodiac” de, David Fincher (EUA) – (foto)

“We Own the Night”, de James Gray (EUA)

“Mogari no Mori”, de Naomi Kawase (Japão)

“Promise Me This”, de Emir Kusturica (Sérvia)

“Secret Sunshine”, de Lee Chang-dong (Coréia do Sul)

“Breath”, de Kim Ki-duk (Coréia do Sul)

“4 luni, 3 saptamini si 2 zile”, de Christian Mungiu (Romênia)

“Tehilim”, de Raphaël Nadjari (França)

“Luz Silenciosa”, de Carlos Reygadas (México)

“Persepolis”, de Marjane Satrapi (Irã) e Vincent Paronnaud (França)

“Import Export”, de Ulrich Seidl (Áustria)

“Alexandra”, de Alexander Sokurov (Rússia)

“Death Proof”, de Quentin Tarantino (EUA)

“The Man from London”, de Béla Tarr (Hungria)

“Paranoid Park”, de Gus Van Sant (EUA)

“Izganie”, de Andry Zvyagintsev (Rússia)

“Les Chansons d’Amour”, de Christophe Honoré (França)

“Une Vieille Maîtresse”, de Catherine Breillat (França)

“Le Scaphandre et le Papillon”, de Julian Schnabel (França)

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