14ª Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, prêmios
Julgamento dos longas-metragens ficou com o público.
Por Luiz Joaquim | 01.06.2007 (sexta-feira)
O 14º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá chega ao fim com um vencedor incontestável: o longa-metragem “Querô” (foto), SP, ainda inédito no Recife. O texto de Plínio Marcos, adaptado para o cinema pelo diretor Carlos Cortez, ganhou seis dos 25 Troféus Coxiponés: melhor filme, diretor, ator, roteiro, produção e direção de arte. O filme começou sua carreira no Festival de Brasília, onde Maxwell Nascimento, o personagem-título, também foi reconhecido como melhor ator. A produção, já comparada ao clássico “Pixote”, de Hector Babenco, mostra de forma contundente a história de um garoto da zona portuária de Santos, que tem uma trajetória tortuosa no crime e paga um alto preço por suas escolhas. O filme será lançado no circuito comercial em 10 de agosto, mas, segundo Cortez, nem os locais nem o número de cópias foram definidos pela necessidade de trabalhar o filme em profundidade, com visitas e debates. Os outros contemplados na categoria longa-metragem foram Tainá Müller, como melhor atriz em “Cão sem Dono”, a trilha sonora de “Wood & Stock” e a fotografia de Lauro Escorel em “Batismo de Sangue”.
A escolha dos melhores longas-metragens ficou apenas a cargo do público, mas na hora de escolher os vencedores de curtas-metragens e vídeos, os espectadores e os jurados mostraram sintonia. “Vai Indo que Eu Já Vou” (SP), sobre o que pessoas comuns pensavam da morte, foi escolhido por ambos como melhor vídeo, enquanto a animação cearense “Vida Maria”, recebeu os dois prêmios de melhor curta-metragem. Os prêmios especiais ficaram com “A Noite do Vampiro” (SP), de Alê Camargo e “Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba” (SP), de Thomaz Farkas e Ricardo Dias. Os vídeos mato-grossenses ganharam uma premiação à parte, com direito às categorias vídeo, curta-metragem e videoclipe. Já os dois representantes de Pernambuco no festival, o curta “Na Corda Bamba”, de Marcos Buccini, e o longa “Baixio das Bestas”, de Cláudio Assis, saíram do festival sem nada.
Antes da premiação, a noite contou com a exibição dos vídeos locais “A Experiência da Fama” e “Resgate”, além do curta “Bla Bla Bla” (1968), do homenageado Andréa Tonacci. Com a participação de Paulo Gracindo e Nelson Xavier, o curta é um questionamento corajoso, e ao mesmo tempo desencantado, contra a corrida bélica e o clima de violência vigentes na época do filme. O diretor expõe o vazio das palavras e promessas ao povo, além de nivelar as ideologias. A programação do festival foi encerrada com a exibição dos longas “O Cheiro do Ralo” e “Baixio das Bestas”.
AVALIAÇÃO – O Festival de Cinema de Cuiabá está no caminho certo e cumpre um papel importante no Centro-Oeste em trazer filmes que não chegariam à região de outra forma, mas algumas distorções devem ser corrigidas. A quantidade excessiva de filmes num mesmo dia dispersa o público, por mais cinéfilo que ele seja, já que, em algumas noites, a programação passava das seis horas de duração. Também é necessário mais critério na exibição dos “vídeos do mato”, como ficaram conhecidas as produções mato-grossenses fora de competição. Todos os vídeos inscritos foram exibidos. Por mais que os vídeos do Estado precisem de espaço para serem exibidos, fica difícil engolir algumas produções completamente destituídas de senso de cinema.
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