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Críticas

Zodiaco

David Fincher faz aqui seu trabalho mais pessoal

Por Luiz Joaquim | 01.06.2007 (sexta-feira)

Muitos personagens da história verídica que é mostrada no thriller “Zodíaco” (Zodiac, EUA, 2007) ainda estão vivos, e sabe-se que a história criminosa que ele conta nunca foi solucionada. O que desde já dá um gosto diferente ao filme, mas não o torna, instantaneamente, num bom filme. O bom, entretanto, é saber que, melhor do que tudo isso, David Fincher (de “Clube da Luta”) fez uma obra vigorosa e envolvente, neste que é seu projeto mais pessoal.

Ao contrário de “Dhalia Negra” (2006), também baseado num crime insolúvel (mas ali solucionado ficcionalmente), “Zodíaco” não recorre a artifícios de vai-e-vem no tempo. Pelo contrário. Impõe a pontuação de uma cronologia marcial entre 1969, quando acontece o primeiro assassinato duplo do serial-killer que se intitula Zodíaco, até os anos 1990, quando ainda ouvimos o testemunho de uma de suas vítimas.

Nesse espaço de tempo o foco está menos no assassino e mais em três personagens reais, que tiveram a carreira profissional e a própria vida pessoal e afetiva abalada pelo inatingível assassino. O destaque é para o cartunista de um jornal de San Francisco, Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal) que, junto ao repórter policial Paul Avery (Robert Downey Jr.) e o detetive David Toschi (Mark Rufallo), tentam chegar à identificação do criminoso.

Graysmith é entretanto o vértice deste triângulo que abriga um desejo obsessivo de justiça ou qualquer outra questão mais pessoal e inacessível para resolver crimes arquivados e esquecidos por todos.

Pela maciça ambientação numa redação do jornal, uma vez que Zodíaco dialogava com a mídia, exigindo que suas cartas fossem publicadas na primeira página e tendo, inclusive, dado uma entrevista ao vivo pela TV, via ligação telefônica, o filme guarda semelhanças fortes com um clássico da investigação jornalística no cinema: “Todos os Homens do Presidente” (1976) cuja trilha sonora é de David Shire que, não por acaso, assina também a música de “Zodíaco”.

A diferença é o objeto das reportagens dos jornalistas do Washington Post nunca foram esquecidas, enquanto que “Zodíaco” tornou-se apenas mais um caso arquivado para a imprensa e polícia de São Francisco, até que o obsessivo Graysmith trouxesse o assunto à tona anos mais tarde.

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