Documenta Brasil apresenta seus vencedores
Projeto vai exibir quatro documentários independentes no SBT e lançá-los no cinema
Por Luiz Joaquim | 17.07.2007 (terça-feira)
SÃO PAULO (SP) – Na manhã de ontem, na Cinemateca Brasileira, a secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (MinC), com a Petrobrás, o SBT e a Associação de Produtores Independentes de Televisão (ABPITV), apresentou à imprensa nacional o resultado de seu mais novo rebento: o projeto Documenta Brasil, que financiou quatro projetos de documentário, individualmente, com R$ 550 mil para ser exibido na TV aberta a partir do dia 29 (via SBT) e posteriormente lançado nas salas de cinema em projeção digital.
O que chamava a atenção no encontro era a presença de quatro realizadores pernambucanos à frente de dois dos projetos escolhidos entre 267 inscritos no Documenta Brasil. Dois deles eram Marcelo Pedroso e Gabriel Mascaro, responsáveis, junto a Rec Produtores Associados, por “KFZ-1348”, trabalho que vai mostrar 40 anos da vida social brasileira a partir de depoimentos dos oitos ex-proprietários do fusca que dá nome ao documentário e hoje se encontra num ferro-velho do Recife.
Os outros dois eram Leo Crivellare e Lula Queiroga, da produtora pernambucana Luni que, associada à carioca TV Zero, co-dirigiram “Pindorama” ao lado de Roberto Berliner (de “A Pessoa É Para o Que Nasce”). O foco em “Pindorama” é o cotidiano de um circo mambembe administrado por uma família de anões que corre o interior do Nordeste.
O veterano Toni Venturi (da ficção “Cabra Cega”), vai mostrar em “Rita Cadillac” o lado pacato da cidadã Rita de Cássia Coutinho, mais vinculada como uma figura do imaginário erótico de brasileiros de baixa renda. Na palavras de Venturi, seu filme ficou “divertido, humano, e profundo”. O quarto projeto, “Estratégia Xavante”, de Belisário Franca, fala de oito meninos da etnia xavante que nos anos 1970 foram para Ribeirão Preto (SP) ser educados por brancos com intenção, vitoriosa, de prepará-los como líderes indígenas.
INOVAÇÃO – Todos os representantes presentes na coletiva ressaltaram a inovação do Documenta Brasil no sentido de ser um projeto que, já na origem do edital, incorpora não só sua produção como também a difusão, com data definida, pela TV aberta comercial e também no cinema.
A versão para a TV dura 48 minutos, enquanto a versão para o cinema ficara em torno de 70 ou 90 minutos. Para explicar as diferenças dos dois formatos, Belisário disse que a idéia original era fazer um documentário para o cinema, mas respeitou os aspectos próprios na versão que irá ao ar pelo SBT. A adpatação para a TV leva em consideração os intervalos e outros aspectos mais a essência é ser um trabalho audiovisual”.
Pedroso reforçou dizendo que “a TV tem ritmo próprio e com ‘KFZ’ trabalhamos dois produtos com linguagens distintas para que possam dialogar com seu público específico. Mesmo assim, as duas versões terão elementos em comum, mas guardam desenvolvimentos específicos”. Já Venturi, cuja versão para o cinema de “Cadillac” ficou com 75 minutos, ressaltou que três aspectos lhe nortearam tanto na confecção da versão para a TV quanto para o cinema: “qualidade, comunicação com o público e autoralidade”, e completou “São cuidados diferentes. Na TV as dispersões são diversas. No cinema o ritmo pode ser mais contemplativo”.
Serão exibidos no SBT um documentário por noite, sempre a meia-noite de domingos consecutivos, a partir de 29 de julho. A estratégia de lançamento no cinema ainda não foi definida, mas sabe-se que só atingirá salas com projeção digital e com previsão de lançamento entre novembro e o primeiro semestre de 2008.
O Documenta Brasil teve um investimento de R$ 5 milhões, dos quais 50% veio da Petrobrás via Lei Rouanet, e o restante se traduz em janela publicitária na emissora. Desta divulgação na mídia, R$ 1 milhão, ou mais especificamente, R$ 250 mil para cada filme, será destinado ao lançamento nos cinemas. Na coletiva, a Gerente para Novos Projetos do SBT, Daniela Busoli, anunciou um novo aporte de mais R$ 1 milhão para reforçar a mídia nas estréias no cinema..
Quanto à pergunta se a exibição prévia de um produto na TV aberta não poderia “queimar” seu lançamento nos cinemas, o secretário Orlando Senna lembrou: “estamos todos pisando em terreno virgem aqui. É um projeto inovador e não vamos engessar nesse formato. Estamos testanto sem medo de errar”. Busoli encerrou dizendo que novas estratégias vão ser discutidas em projetos futuros e que todos ali estavam “asfaltando uma estrada que vai abrir outros caminhos para o audiovisual brasileiro”.
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