Força e identidade do documentário
Fundaj realiza debate com Fernão Ramos e Michel Marie
Por Luiz Joaquim | 05.07.2007 (quinta-feira)
O recifense interessando em pensar o cinema não tem razões para reclamar da cidade como espaço periférico, onde faltam cabeças especializadas para tratar o assunto. Ao menos na noite de segunda e terça-feira, dois mundialmente renomados especialistas em documentários estiveram na Fundação Joaquim Nabuco, Derby, para dissecar, respectivamente, os temas “O que é documentário? O caso direto brasileiro” e “Cinema Direto e a Nouvelle Vague”.
Para um auditório lotado, o primeiro objeto foi analisado pelo Dr. Fernão Ramos, do Departamento de Cinema da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ramos destacou que as idéias de ‘realidade, verdade e objetividade’ são conceitos fluídos no campo documental e que, apesar de evitar termos normativos, quatro campos – indexação, enunciação, forma narrativa e ética – devem ser considerados ao pensar em documentários, assim como suas acerssões sobre o mundo.
Para exemplificar, Ramos exibiu o curta “Maioria Absoluta” (1963), de Leon Hirszman. logo após fazer um resumo cronológico e de importância da história do documentário no Brasil, com destaque entre os anos 1950 e 1970.
Na terça, o francês Michel Marie (na foto acima), professor doutor do Departamento de Cinema e Audiovisual da Universidade Sorbonne Nouvelle (Paris III), mostrou como foi determinante os filmes do etnólogo Jean Rouch (1917-2004) para os então jovens autores da nascente Nouvelle Vague francesa – Godar, Truffaut, Rivette e Rhomer – no final dos anos 1950.
Marie exibiu obras raras de Rouche como “Les Maîtres Fous” (Os Mestres Loucos, 1954), “Moir, Un Noir” (Eu, Um Negro, 1958) que influenciou Godard em “Acossado”, a “A Punição”, inspirando Rivette mais tarde a fazer “O Raio Verde” (1986), e “Gare Du Nord” (Estação do Norte, 1965), que levou Godard a fazer “Masculino Feminino” (1965).
A iniciativa de trazer esses dois monstros da academia ao Recife surgiu da Pós-Graduação em Estudos Cinematográficos da Universidade Católica de Pernambuco, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco, através da Massangana Multimídia Produções, dentro do projeto Documentário em Pauta – Publicações, e o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco.
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