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  • Matheus

    O desenho do George o curiso

  • Críticas

    George, O Curioso

    Celebrando a infância

    Por Luiz Joaquim | 21.07.2007 (sábado)

    É difícil para um adulto escrever sobre a animação
    “George, O Curioso” (Curious George, EUA, 2006), de
    Matthew O’Callaghan, se considerarmos que o público
    alvo aqui sejam criancinhas de até 5 anos. Ao final da
    sessão a impressão que se tem é que o roteiro foi
    desenvolvido por um grupo de pediatras interessados
    em estimular ainda mais a natureza dos pequenos, ou
    seja, instigar o interesse deles para explorar tudo o
    que lhes estiver ao alcance.

    Não é difícil perceber que a obra se propõe a
    funcionar num nível sensorial. O desfile de cores
    primárias, num nível gritante, e a opção técnica para
    mostrar a história do macaquinho George por uma
    animação 2-D fazem do trabalho um estranho no ninho
    dos desenhos de hoje, cuidadosamente criados em 3-D.
    Não significa, entretanto, que a opção seja
    equivocada, se pensamos mais uma vez no público alvo.

    O filme pode funcionar bem exatamente porque o
    protagonista, o macaquinho George, é a própria
    materialização daquilo que o espectador com menos de
    um metro de altura mais gosta de fazer: experimentar.
    Logo na abertura, ao som do cantor Jack Johnson, já
    vemos o bichinho aprontando numa floresta africana,
    perturbando a paz dos outros animais até conhecer Ted
    (voz de Will Ferrell na versão original). Ele é um
    atrapalhado explorador que está ali para encontrar um
    perdido ídolo gigante e assim salvar da falência o
    museu onde trabalha em Nova Iorque.

    Acontece que a expedição fracassa e Ted volta aos EUA
    sem saber que o macaquinho o acompanha escondido. A
    aventura na cidade grande pode ser resumida a uma
    série de confusões involuntárias e inocentes nas quais
    George coloca seu amigo Ted. Não há audácia no roteiro
    quando observamos que a trama obedece um padrão fácil
    de criar tensão, comum às animações feitas para a TV.

    As vezes de vilão aqui fica por conta de Júnior (voz
    de David Cross), filho do dono do museu, que quer
    transformar o lugar num estacionamento e ganhar
    dinheiro fácil. Mais uma vez, a urbanização faz o
    papel do ‘mal’, assim como em “Carros”, também em
    cartaz, com o município de Radiator Spring prejudicado
    pela construção de uma nova auto-estrada.

    MACACO BRASILEIRO
    Quem está por traz da produção de “George, O Curioso”
    é o poderoso Ron Howard (“O Código Da Vinci”). O
    interesse do diretor oscarizado pelo projeto se
    explica pelo fato que George sempre fui muito popular
    para a geração de Howard (52 anos) nos Estados Unidos.

    A história de George teve início no princípio do
    século 20, quando o casal de desenhistas
    judeus-alemães Hans Augusto e Margret Ray moravam no
    Brasil. Em passagem pela Amazônia, ficaram fascinados
    pelos macaquinhos da floresta e quando foram morar no
    Rio de Janeiro, dividiam o apartamento com dois desses
    animais. Em lua-de-mel em Paris, o casal trabalhou
    desenhando para um jornal até fazerem seu primeiro
    livro infantil. Nele, não tiveram dúvidas ao criar o
    personagem mais carismático: “Fifi”, um macaquinho
    insaciavelmente questionador. Em 1940, o casal,
    fugindo do nazismo, mudou para Nova Iorque e lá foi
    convidado a escrever quatro livros ilustrados. Foi
    quando Hans e Margret trocaram o nome de Fifi e, em
    1941, nasceu “George, O Curioso”.

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