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Críticas

Transformers

Ferro barulhento

Por Luiz Joaquim | 20.07.2007 (sexta-feira)

Em “Transformers” (EUA, 2007), de Michael Bay, há uma garotinho que, ao ver de dentro do carro com sua mãe, dois robôs de cinco metros se estabanando em frente ao veículo grita exultante: “legal!”. Outro, um adolescente obeso, sai com uma câmera filmando uma grande bola de fero, recem-caída na Terra, vinda do espaço. Ele grita enquanto corre: “Isso é demais. Melhor que Armageddon” (filme de Bay em 1998). São provavelmente reações como estas que Bay e Steven Spielberg, aqui como produtor, querem e vão conseguir do espectador adolescente – o público alvo – ao girar a chave dessa máquina barulhenta chamada “Transformers”, com seus 144 minutos.

Já foi dito pela imprensa americana que o filme resgata o que, desde os anos 1980, estava esquecido pelo cinema norte-americano e tem seu melhor representante em “E.T. – O Extraterrestre” (1983, direção de Spielberg); não esquecendo também “Gremlins” (1984) e “Os Goonies” (1985, argumento de Spielberg).

Isso pode ser traduzido como: crianças ou adolescentes ‘convocadas’ para salvar o mundo por alienígenas que são mal-interpretados pelos adultos porque tais ETs são… feios. É como se o filme defendesse os jovens, afirmando que os adultos são os desconfiados por natureza e só a pureza juvenil dá espaço para os seres avançados do espaço serem compreendidos.

É uma ótima estratégia para conquistar a molecada e, no só por isso, “Transformers” poderá ser o filme que ficará para sempre na cabeça da meninada nascida lá por meados dos anos 1990. No filme, há uma seqüência específica em que até os autorobôs bonzinhos perdem a paciência com os pais do mocinho Sam (Shia LaBeouf, jovem ator carismático que ainda vai aparecer no novo Indiana Jones, em 2008).

“Transformers” oferece não só esse espelho para os jovens se enxergarem, mas também vem embalado com efeitos especiais realistas que impressionam os olhos de qualquer um, independente da idade. É um filme, definitivamente para ser visto numa sala de cinema, com o som alto.

Mas há um certo fascínio de Michael Bay pela espetacular demonstração de poder militarista norte-americana em prol de uma tal de ‘liberdade’, e há um tesão pela imponência das forças armadas gringa que não o deixa fazer um filme discreto. Tudo é superlativo em suas produções e o que era na primeira hora do filme (a mais divertida) a transformação moral na vida pessoal de Sam, o nerd da escola apaixonado pela inatingível menina bonita Mikaela (Megan Fox) acaba virando na seqüência uma corrida para salvar a humanidade. Que chato.

BRINQUEDO – Para os adultos que forem, ou tiverem que ir ver “Transformers”, talvez seja melhor não saber nada a respeito de sua origem. Isso porque a história por trás do filme só aumenta a desconfiança de que Hollywood está precisando de novas cabeças pensantes. “Transformers”, o filme, é uma adaptação de um desenho animado bem popular na televisão dos anos 1980.

Indo mais fundo, sabe-se que o desenho nasceu encomendado pela fábrica norte-americana Hasbro, para divulgar sua nova linha de brinquedos: os carros que podiam se transformar em robôs. E se alguém acha essa invenção o suficiente boa para se fazer um filme de 147 milhões e dólares, provavelmente irá achar interessante a baboseira que é dita em off abrindo o filme para explicar a origem dos autorobôs barulhentos e a importãncia de um cubo.

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