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Festivais

Festival do Rio 2007 (2)

Os dublês de Tarantino

Por Luiz Joaquim | 24.09.2007 (segunda-feira)

Depois de “Tropa de Elite”, já há outra obra eleita como queridinha do Festival. É “À Prova de Morte” (Death Proof, EUA, 2007), de DJ Quentin Tarantino. Por que DJ? Porque é óbvio que em breve as festinhas “mudernas” começarão a tocar as canções que embalam esta que é a segunda parte do projeto “Grindhouse”. Assim como “Kill Bill”, o projeto é formado por dois filmes. O primeiro foi dirigido por Robert Rodriguez.

A brincadeira inventada pelo gênio de Tarantino era fazer nos dias de hoje, um filme com aparência estética de 30, 35 anos atrás. E ele conseguiu. Nos dá uma obra-prima contemporânea. Instantânea até. “À Prova de Morte” é um clássico desde já.

Há um certo exagero na bossa (se não houvesse, não seria Tarantino) que pode desagradar alguns. E isso se vê logo na abertura do filme, com a animação do felino caminhando pela floresta. Mas, qualquer possível antipatia que possa surgir por essa postura vai, posteriormente, desanuviando graças ao inegável domínio do cineasta em controlar o timing de sedução que um filme faz crescer nos espectadores através de personagens críveis e envolventes.

No caso aqui temos dois grupos de garotas (dublês, atrizes, DJs, cabeleireira, etc…) e um dublê de Hollywood, Mike (Kurt Russel), que se mostra um psicopata no melhor estilo dos diversos filmes do gênero dos anos 1970. Mas há o humor de Tarantino, que não fica apenas nos diálogos rápidos entre as “gostosas” do filme (não há outra palavra para melhor defini-las, e é assim que elas próprias se definem no filme). Tarantino dá aqui a mesma qualidade de diálogos dentro de um carro em movimento como deu para Travolta e Jackson em “Pulp Fiction”. A diferença é que o papo agora é “de menina”. Mocinhas na platéia irão adorar.

O humor transparece também nos truques de montagem, com sopapos na edição sugerindo uma idade rodada que o filme não tem. Cortes brutos, repetições, como se tivesse sido montando numa moviola velha, feito a machado. Sem falar na saída da cor para o P&B sem nenhum aviso prévio ou sentido estético, apenas por onda, sugerindo aqui uma produção de baixo custo, a certa altura sem dinheiro para o negativo colorido.

Não passa de uma grande ilusão sugerida, pois quando “À Prova de Morte” mostra seu primeiro acidente de carro temos um espetáculo tenebroso e inacreditável daqueles que só um ótimo cinema pode proporcionar. Como se não bastasse, o lançador de modas Tarantino nos brinda com outra dança que só não será tão imitada nas festinhas “mudernas” quanto foi a de Uma Thurman em “PF” porque Rosário Dawson é aqui, digamos, mais safadinha.

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