Greve da Associação dos Roteiristas dos EUA
Paralisação já dura 45 dias, e continua…
Por Luiz Joaquim | 19.12.2007 (quarta-feira)
Já somam 45 dias a greve do Writers Guild of America (WGA) – Associação dos Roteiristas do EUA – contra a Alliance of Motion Pictures e Television Producers (AMPTP, em inglês) – que representa por lá os produtores de TV e cinema. Em linhas gerais, a principal reivindicação dos roteiristas é receber uma parte dos ganhos brutos com a negociação e veiculação de peças audiovisuais pela internet, além de um percentual maior na venda de DVDs
As duas partes da negociação passaram setembro e outubro em discussão sem alcançar uma solução. Com o fim do contrato dos roteiristas em 31 de outubro, a decisão da WGA foi paralisar a categoria no dia 5 de novembro até a assinatura de um novo contrato mais justo, segundo a ótica da Associação dos Roteiristas. Em reportagens que circularam pela imprensa norte-americana no início de 2007, calculava-se que a exibição de material pela internet daria um lucro de US$ 4,6 bilhões até 2010 e os roteiristas querem sua parte desta quantia. Os estúdios, entretanto, não estão dispostos a pagar nada.
A crise é a maior desde 1988, quando a WGA parou por cinco meses, tendo dado um prejuízo ao cinema e à TV de US$ 500 milhões. Foi ali que nasceu os ‘reality shows’. A invenção surgiu das redes como um programa substituto às séries, paralisadas pela ausência dos roteiristas, os verdadeiros responsáveis pelas falas, piadas e entrevistas dos talk shows e mini-séries.
Na atual paralisação dos 10.500 membros da WGA, já no dia 5 de novembro o famoso talk-show “Late Show”, de David Letterman, sofreu as conseqüências. No horário foi exibido uma reprise, assim como seu concorrente, Jay Leno. As séries televisivas também sofrem diretamente em sua produção. As principais redes de TV já prepararam uma espécie de estoque de novos episódios para séries de sucesso como “Desperate Housewives” e “Ugly Betty”, mas dependendo da duração da paralisação elas serão obrigadas a exibir reprises ou simplesmente interromper ou atrasar algumas temporadas, como é o caso da série “Lost”. No cinema, sabe-se que algumas produções já estão comprometidas, como “Anjos e Demônios”, seqüência de “Código DaVinci” com Tom Hanks.
O atual tensão causada pela greve está nas vindouras cerimônias do Globo de Ouro (13 de janeiro) e do Oscar (24 de fevereiro). Em solidariedade ao WGA, algumas estrelas, como Tom Wilkinson (foto acima), do filme em cartaz “Conduta de Risco”, já estão boicotando as duas cerimônias. Sem os profissionais do roteiro, os dois eventos ficam comprometidos em seu espírito cômico, que é o de apresentadores fazendo piadas ácidas sobre celebridades e a atual situação política na América. A Associação do Roteiristas negou um pedido para que alguns de seus membros sejam liberados para trabalhar nas duas cerimônias.
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