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Críticas

O Expresso Darjeeling

Explorando a Índia

Por Luiz Joaquim | 14.12.2007 (sexta-feira)

Em “O Expresso Darjeeling” (The Darjelling Limited, EUA, 2007), mais recente trabalho de Wes Anderson temos três distintos irmãos norte-americanos numa meticulosa “jornada espiritual” pela Índia. O contra-senso da união entre as duas expressões – ‘jornada espiritual’ X ‘meticulosidade’ – dá bem o tom para o filme de Anderson. Como em “Os Excêntricos Tenenbaums” (2001), o diretor, produtor e roteirista tratar aqui de um assunto de família, mas a intensidade das emoções neste caso parece compactada, segmentada, planificada demais para pode comover, assim como o próprio trajeto da viagem traçado e plastificado por Francis (Owen Wilson, antes de tentar o suicídio).

Os irmãos – Wilson, Adrien Brody, and Jason Schwartzman – estão reunidos pela primeira vez após o funeral do pai, ocorrida há um ano. À bordo de um trem, o tal expresso Darjelling – cortando a Índia, eles desejam reatar laças hoje folgados entre eles. Cada um deles traz um dor pessoal. A de Francis é a única visível. Com o rosto todo enfaixado, ele ainda se recupera de um acidente de moto. Peter (Brody) administra um conflito com a proximidade da paternidade, e Jack (Schwartzman) ainda sofre com o fim do namoro com o personagem de Natalie Portman.

O interessante é que Anderson, com o curta-metragem “Hotel Chevalier”, mostra, em 13 minutos, como este namoro termina num quarto de hotel parisiense. Nos Festivais do Rio e Mostra de SP, “Chevalier” exibiu antes e colado com o longa “Darjeeling”. O mesmo não acontece agora com o filme no circuito comercial. Para ver o curta, será preciso espera-lo como extra no DVD do filme.

“O Expresso Darjeeling” traz todos os elementos que fazem os filmes de Anderson û como “A Vida Marinha de Steve Zissou” ou “Rushmore” û serem especiais. Estão aqui uma trilha sonora eclética, uma direção de arte delicada e precisa, edição eficaz e, por isso mesmo, uma história bem contada, em equilíbrio temporal. Tudo isso se soma a um leque colorido de elegantes e curiosos personagens, em particular quando os irmãos vão para numa vila indiana no meio do nada. É o quando o filme, talvez, reserve seu melhor momento emotivo.

Apesar das qualidades, a aventura sentimental em “O Expresso Darjeeling” não adiciona ao espectador muito além de saciar uma curiosidade pelo cenário indiano. Com o perfil do trio de protagonistas difusamente definidos, fica difícil entrar na melancolia que o obra quer sugerir – ao contrário do humor, fácil de identificar. A sensação, enfim, é a de um filme incompleto.

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