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Festivais

13º É TudoVerdade (2008)

Pernambuco se destaca no maior festival de docs da América Latina

Por Luiz Joaquim | 11.02.2008 (segunda-feira)

Próximo dia 26 de março tem início em São Paulo e depois no Rio de Janeiro o 13o Festival Internacional de Documentários – É Tudo Verdade. Consagrado como o maior e mais sério evento do gênero na América-Latina, a mostra apresenta oficialmente, em primeira mão ao mundo, uma safra de 16 filmes, entre médias e longas-metragens brasileiros inéditos. A estes juntam-se outros 14 trabalhos, somando 30 títulos nacionais. Dois curtas pernambucanos – “Solidão Pública”, de Daniel Aragão , e “Ocidente”, de Leonardo Sette, estão na competição da categoria, brigando pelo prêmio

No primeiro filme, Aragão tenta captar o que há de solidão em transeuntes comuns, captadas numa barraca montada de forma improvisada numa praça recifense para daí refletir sobre sua própria imagem. Já em “Ocidente”, Sette volta-se para uma relação entre um casal em viagem. Sobre a presença pernambucana na mostra, o crítico Amir Labaki, criador e responsável pelo É Tudo Verdade, diz que “nos últimos 15 anos, o Estado tem ocupado posição especial no produção cinematográfica.

O documentário demorou um pouco para escoar. A ficção veio com muito força, mas agora os docs estão bem presentes. Não é a toa que o documentário brasileiro mais visto em 2007 (“Cartola”), foi dirigido por dois pernambucanos (Lírio Ferreira e Hilton Lacerda)”. Labaki completa o elogio lembrando que dois dos mais originais títulos, em termos de linguagem, na competição são de Pernambuco, referindo-se aos trabalhos de Sette e Aragão. “Finalmente o furacão pernambucano começa a surgir nos docs”, avaliou, por telefone de São Paulo.

Sobre o aumento, com relação ao ano passado, do número de lançamento de filmes brasileiros no Festival, o curador diz que não se surpreende. “É um crescimento coerente. Em 2007, dos 80 filmes nacionais lançados nas salas de cinema, 30 foram docs. É um novo patamar para o formato. O mercado se abre e quando isso acontece, a produção aumenta. É um novo momento no Brasil e naturalmente vai aumentando o interesse da imprensa, do público e da universidade sobre esse tipo de produção cinematográfica. “, explica Labaki, que ainda destaca o amadurecimento, ao longos dos últimos dez anos, da mentalidade temática definida pelos realizadores.

A seleção do É Tudo Verdade tem como norte apresentar, independente de temas, o que acontece de importante no mundo em documentários. Neste sentido, a seleção brasileira da edição 2008 contempla assuntos como o aborto, o direito à moradia e à terra, a luta de índios e negros e a segurança pública, entre outros. “Há um notável ganho no tratamento da complexidade audiovisual aqui, e é um feito para poucas cinematografias não-ficcionais no mundo emplacar uma safra como esta”, complementa Labaki.

11 documentários de longa e média-metragem inéditos foram selecionados para exibições fora de concurso. Uma mostra especial denominada “Vidas brasileiras” trará cinco retratos de personalidades nacionais (“Errante Navegante”, de Fernando Andrade; “A Paixão segundo Callado”, de José Joffily; “Paulo Gracindo – O Bem Amado”, de Gracindo Jr.; “Procura-se”, de Rica Sato; e “Waldick Sempre no meu Coração”, de Patrícia Pillar). Outros cinco longas e médias foram escolhidos para o ciclo informativo “O estado das coisas”, um longa nacional (“Pachamara”, de Erik Rocha) também fará sua estréia dentro da mostra paralela “Foco Latino Americano”.

O evento promove também a 8a Conferência Internacional de Documentários, co-realizado pelo Cinusp Paulo Emílio, e pelo segundo ano consecutivo, os sete longas e médias-metragens em competição disputam o Prêmio CPFL Energia / É Tudo Verdade “Janela para o Contemporâneo”, no valor de R$ 100 mil, a maior premiação nos festivais do país. A relação dos tútulos selecionados internacionais será divulgada na próxima semana.

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Programação (filmes brasileiros)

COMPETIÇÃO LONGAS/MÉDIAS

O ABORTO DOS OUTROS – Carla Gallo
DIA DOS PAIS – Julia Murat e Leonardo Bittencourt
JOÃO SALDANHA – André Siqueira, Beto Macedo
NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI – WILSON SIMONAL – Cláudio Manoel, Micael
Langer e Calvito Leal
PAN-CINEMA PERMANENTE – Carlos Nader
SUMIDOURO – Cris Azzi
O TEMPO E O LUGAR – Eduardo Escorel

COMPETIÇÃO CURTAS

BEIJO NA BOCA MALDITA – Yanko del Pino
CLARITA – Thereza Jessouroun
DOSSIÊ RÊ BORDOSA – Cesar Cabral
IVY KATU – TERRA SAGRADA – Eduardo Duwe
MAR DE DENTRO – Paschoal Samora
O MENINO E O BUMBA – Patrícia Cornils
OCIDENTE – Leonardo Sette
REMO USAI – UM MÚSICO PARA O CINEMA – Bernardo Uzeda
SOLIDÃO PÚBLICA – Daniel Aragão
SOLITÁRIO ANÔNIMO – Debora Diniz
TARABATARA – Julia Zakia

MOSTRA ESPECIAL: VIDAS BRASILEIRAS

O ERRANTE NAVEGANTE – Fernando Andrade
A PAIXÃO SEGUNDO CALLADO – José Joffily
PAULO GRACINDO – O BEM AMADO – Gracindo Junior
PROCURA-SE – Rica Saito
WALDICK SEMPRE NO MEU CORAÇÃO – Patricia Pillar

mostra O ESTADO DAS COISAS

DE BRAÇOS ABERTOS – Bel Noronha
ENTRE A LUZ E A SOMBRA – Luciana Burlamaqui
MORO NA TIRADENTES – Henri Arraes Gervaiseau, Claudia Mesquita
QUILOMBO, DO CAMPO GRADE AOS MARTINS – Flavio Frederico
O ÚLTIMO KUARUP BRANCO – Bhig Villas Bôas
CARTA A RATZINGER – Moara Rossetto Passoni (curta)

mostra FOCO LATINO-AMERICANO

PACHAMAMA – Erik Rocha

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