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Críticas

10.000 a. C.

ou, a revolta das galinhas gigantes

Por Luiz Joaquim | 07.03.2008 (sexta-feira)

Elefantes, tigres e galinhas, isso mesmo, galinhas são os bichos que aterrorizam em “10.000 a.C.” (10.000 b.C., EUA, 2008), novo filme dirigido, escrito e produzido por Roland Emmerich, o mesmo que deu à indústria os sucessos instantâneos “Independence Day” (1996) e “O Dia Depois de Amanhã” (2004), entre outros. Quando levamos em conta o título do filme, é preciso considerar que os elefantes são mamutes, os tigres têm dentes-de-sabre, e as galinhas são galinhas, só que medindo três metros de altura e com menos penas.

“10.000 a.C.” é na verdade uma grande bobagem situada na pré-história, pela qual, diz o material de divulgação, conheceremos a história da “lenda, da batalha e do primeiro herói”, há dez mil anos antes de Cristo, com os protagonistas falando inglês, claro.

Após uma balela profética de um tribo, no meio do nada, dizendo que Evolet, a estranha menina de olhos azuis que chega nesta aldeia, indicará o herdeiro da Lança Branca – o mais alto símbolo de reverência aos caçadores dali -passamos a acompanhar a trajetória do garoto D’Leh (Steven Strait).

Uma vez adulto, D’Leh ama a, agora mulher, Evolet (Camilla Belle). Mas ela é seqüestrada com mais uma dezena de outros da tribo de D’Leh, pelos monstros de quatro patas – na realidade, bárbaros à cavalo de outra tribo e falando outro idioma, cuja existência era desconhecida pelo grupo de D’Leh. Na jornada, em busca da amada e de sua identidade como salvador dos oprimidos, o primeiro herói enfreta os monstros do primeiro parágrafo (em efeitos CGI fracos) e também os deuses inventados pelos homens daquela época.

Curiosa é a fácil analogia que Emmerich nos deixa fazer desse seu messias com o próprio Jesus Cristo. As estrelas do céu indicam que há alguém especialmente poderoso entre os homens; antes de sua revelação, ele também é maltratado pelos iguais; e é ele que une todos os povos para libertar os escravos de uma civilização dominante e adoradora de símbolos e falsos deuses.

Mas não há carisma em “10.000 a.C.” que vem bastante carregado de clichês. A certa altura, D’Leh levanta a moral dos guerreiros cansados e com a moral baixa antes da grande batalha com um discurso vazio, finalizando com um berro e a mão erguida segurando a Lança Branca, bem ao estilo “300”, “Coração Valente”, “Rei Arthur”, “Tróia” ou qualquer outro filme de guerreiros realizados nos últimos 15 anos. Saudade de “Apocalypto”, de Mel Gibson.

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