Está na hora daquela população pernambucana, de cerca de 2,5 mil pessoas, que vai uma semana por ano ao Centro de Convenções em busca de filmes acordar. A Bertini Produções e Eventos Culturais e Esportivos Ltda (BPE) dá partida hoje, às 18h30, a 12á edição do Cine-PE: Festival do Audiovisual. Até domingo, entre mostra competitiva e sessões especiais, serão expostos 11 longas-metragens e 31 curtas. São produções de todo o país, com o critério do ineditismo para os longas (com excessão para “Nossa Vida Não Cabe num Opala”, de Reinaldo Pinheiro, exibido no 18° CineCeará, há duas semanas).

Logo nesta noite de abertura, o evento prestigia o Estado com duas produções locais na programação: a animação em curta-metragam “Até o Sol Raiá”, de Leanndro Amorim e Fernando Jorge, já consagrado em outros festivais; e o documentário “Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife” de Leo Falcão (sua primeira incursão num longa-metragem) que fecha a noite de hoje.

Baseado no livro homônimo de Gilberto Freyre, a obra surgiu a patir de um convite feito a Falcão pela fundação que leva o nome do sociólogo pernambucano. “O livro foi reeditado e lançado em 2006 e a idéia inicialmente sugerida era adaptá-lo num filme para exibir na TV. Fizemos uma primeira versão com 52 minutos, mas percebi o potencial para transformá-lo num longa estava ali”, conta Falcão, que convidou o mestre em cinema Fernando Weller para, junto a ele, adequar o roteiro e Roberto Santos Filho (o Tuta) para cinematografar.

“Com a versão mais extendida, ganhamos espaço para salientar aspectos antes tímidos, e para apresentar contradições e conflitos da cidade, como as que outras cidades também têm”, adianta o diretor. Leo Falcão diz que, em exibições fechadas para espectadores que nunca tiveram contato com a obra de Freyre, “Guia Prático…” se sustentou bem. “Estou curioso para a exibição (de hoje). É um momento importante, o documentário vai chegar à pessoas que não conhecem o Recife. Quero saber que leitura farão”, concluiu.

No enredo, vários guias, na realidade pessoas que vivem na cidade, vão costurando o texto original de Freyre. “Temos falando desde um dono de um restaurante no Pátio de São Pedro até um museólogo ou um professor universitário, formando um mosaíco que nos acabam nos guiando numa viagem autônoma, deles”, diz Falcão. Na ficha técnica, temos os nomes de Lenine, Roger, Hermila, Geninha, Nana, Jota, Germano, Lívia, Kátia listados no elenco. Para alguns pernambucanos, nem é preciso escrever o sobrenome deles para saber de quem se trata.

Antes de “Guia Prático…”, o Cine-PE exibe o longa brasiliense “Simples Mortais”, de Mauro Giuntini, com roteiro do festejado Di Moretti (que também assina “Nossa Vida não Cabe Num Opala”, premiado no CineCeará). Na sinopse, diz que um funcionário público viúvo e seu filho músico, um escritor em crise inspirado por aluna e uma apresentadora de TV com seu jovem namorado ator negociam seus desejos e sonhos. No elenco, Leonardo Medeiros, também presente no filme de Reinaldo Pinheiro.

A animação pernambucana “Até o Sol Raiá”, confronta hoje alguns concorrentes. Quem abre a noite é o documentário digital da Paraíba “Amanda e Monick”, de André Costa Pinto, abordando a vida de um travesti do Cariri. Ainda em digital, o paulista “Um Pra Um”, de Erico Rassi, conta uma história em um único plano.

O terceiro já é exibido em 35mm e também começa com uma animação: “Pajerama” de Leonardo Cadaval, vem de São Paulo e faz um relação de um índio vivendo no período pré-cabralino com o que conhecemos hoje como a uma metrópole. Na seqüência a ficção paulista “Engano”, de Cavi Borges, conta em apenas dois planos a relação entre um casal.

Se tomarmos como parâmetro a boa performance de “Do Luto à Luta”, de Evaldo Morcazel em outra edição no Cine-PE, o curta “Pugile” pode agradar a platéia do Teatro Guararapes hoje. A ficção do paulista Danilo Solferini trata da relação de dois irmãos, um deles portador de Down, num situação onde a mãe deles está ausente.
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12º Cine-PE
PROGRAMAÇÃO DE HOJE (segunda, 28)
Acesso: Ingresso – a partir das 17h30 nas bilheterias do CECON

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS DIGITAIS
Amanda e Monick (Documentário, Dir.: André da Costa Pinto, 18′, PB)
Um para Um (Ficção, Dir.: Erico Rassi, 11′, SP)

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS EM 35 MM
Pajerama (Animação, Dir.: Leonardo Cadaval, 9′, SP)
Engano (Ficção, Dir.: Cavi Borges, 11′, RJ)
Pugile (Ficção, Dir.: Daniel Solferini, 21′, SP)
Até o Sol Raia (Animação, Dir.: Fernando Jorge e Leanndro Amorim, 12′, PE)

MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS
Simples Mortais (Ficção, Dir.: Mauro Giuntini, 80′, DF)
Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife (Documentário, Dir.: Leo Falcão, 70′, PE)