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Festivais

Pernambuco vai a Cannes (2008)

Curta-metragem, Muro, de Tião, está na Quinzena dos Realizadores

Por Luiz Joaquim | 25.04.2008 (sexta-feira)

Na terça pela manhã o Brasil comemorava o anúncio da presença de Walter Salles, Daniela Thomas na competitiva do Festiva de Cannes (14 a 25 de maio) e Matheus Nachtergaele na mostra “Um Certo Olhar”. Hoje Pernambucano comemorava o convite feito pela paralela “Quinzena dos Realizadores” ao curta-metragem “Muro”, do realizador Tião, 25 anos. No anunciou da seleção dos 40 anos do evento (a acontecer de 15 a 25 de maio) configuram 22 longas-metragens e 11 curtas-metranges.

Apesar de ser seu segundo filme, “Muro” foi idealizado antes de “Eisenstein”, curta realizado em conjunto por Tião com Leo Lacca e Raul Luna em 2006 pela Trincheira Filmes. “A idéia para ‘Muro’ foi uma das primeira que tive quando comecei a me interessar por cinema”, revela Tião. Antes intitulado de “Muro das Lamentações”, o projeto venceu o prêmio Ary Severo de 2004 e recebeu apoio para a finalização da Fundarpe em 2006. Rodado em março de 2006, na bitola Super16, o realizador usou como locação a Vila de Conceição no distrito de Caiçara da Penha, em Serra Talhada, com não-atores que moram na região, com exceção da jovem Inaê Veríssimo, do Recife.

Este repórter teve a oportunidade de ver o corte definitivo de “Muro” numa sessão fechada, mas ainda sem edição de som. Com a sinopse enviada a Cannes descrevendo-o “Alma no vácuo, deserto em expansão”, não é fácil desenhar o enredo com palavras. Assim como “Eiseinstein”, “Muro” funcionar mais como estimulador visual e sonoro para sensações nobres. A princípio, o pouco que se pode adiantar desse trabalho é que Tião criou um universo onírico onde crianças participam do que parece ser uma disputa, remetendo ao mundo dos adultos e à outras angústias humanas.

A idéia de ter seu filme exposto no festival mais importante do mundo ainda não foi totalmente processado pelo realizador que, sem exagero, pode-se ser identificado, nesse momento, como o cineasta mais importando do Estado. “É impressionante como a chancela de um festival pode interferir em toda a vida profissional de um realizador”, reflete. Ano passado, ainda com o nome de “Muro das Lamentações”, Tião inscreveu o filme para o Festival de Brasília, que o rejeitou. De agora por diante, com a janela de Cannes, não só a imprensa especializada nacional vai prestar atenção no que ele fizer, como todos os festivais sérios espalhados pelo planeta irão convidá-lo ou considerá-lo para configurar em sua seleção.

Pernambuco também vai a Cannes pela pessoa da atriz Conceição Camarotti. Ela está ao lado de Daniel Oliveira no longa “A Festa da Menina Morta”, de Nachtergaele. No enredo, Camarotti é a esposa de um pajé no Amazonas. Aparece como uma devota hipócrita e popular na cidade onde se desenrola a trama. “O papel foi escrito por especialmente para mim”, conta a atriz, que contracenou com o Nachtergaele em “Amarelo Manga”.

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