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Críticas

Juízo

Menores infratores sob o foco da justiça

Por Luiz Joaquim | 02.05.2008 (sexta-feira)

Há um aspecto absolutamente atraente em termos cinematográficos em “Juízo” (Brasil, 2007), novo documentário de Maria Augusta Ramos, além do tema ‘processo judiciário’ que permeia o filme, assim com pontuou seu “Justiça”, o ótimo longa-metragem anterior, de 2004. “Juízo” entra em cartaz hoje no Cinema da Fundação (Recife).

O que é atraente, e curioso, na nova obra é a opção pela qual a diretora registra as imagens de seus novos réus em observação por audiência criminal: eles são jovens infratores, menores de 18 anos. Mas, como a legislação impede a identificação de jovens suspeitos de infrações legais, a diretora usou jovens não-infratores – e não-atores nas mesmas condições sociais dos acusados – para mostrar o rosto no filme. Para dar cara a personagem real, com infrações reais.

Todos os outros personagens – juizes, promotores, defensores, agentes dos institutos de reclusão e familiares dos réus – são autênticos e foram filmadas durante as audiências. Impressiona também, e mais uma vez, não só pela maneira como Ramos consegue deixar sua câmera invisível e ainda pelo poder de penetração neste campo tão controverso e delicado que se chama justiça brasileira.

Durante a première nacional do filme no Festival do Rio, na noite de 24 de setembro de 2007, a realizadora falou no palco do Cine Odeon que o filme “é um híbrido entre documentário e encenação”, mas vai além disso.

Ramos não fica só no exercício de cinema, ela regula bem seu foco sobre a questão sempre polêmica do poder judiciário. Um ótimo exemplo é o episódio cômico-dramático sobre o garoto que fugiu da custódia de uma delegacia antes de sofrer julgamento e que, pelos autos, o consideraria inocente. Resgatado e sob nova avaliação, o garoto agora tinha sua defesa complicada em funçaõ da tal fulga.

São casos pitorescos que revelam certas fragilidades estruturais durante alguns processos judiciais do país. Casos tão especiais, beirando ao absurdo, que nem os próprios juízes escapam do riso involuntário pelas surpresas quase surreais. É para ver e rever.

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