3º CineOP (2008) – Balanço
CineOP encerra com missão cumprida
Por Luiz Joaquim | 18.06.2008 (quarta-feira)
OURO PRETO (MG) – A Universo Produção pode se orgulhar do resultado alcançado com o 3° CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, encerrada na última terça-feira. Apesar do pouco tempo de atuação, o festival já definiu seu perfil, o da preservação e da memória do cinema brasileiro, e avançou bastante no que poderia contribuir nessa área.
Em entrevista por ocasião do conclusão desta edição, a diretora do evento, Raquel Hallack, lembrou que a necessidade de aprofundar a discussão e atitude em torno da preservação surgiu de uma dificuldade vivida pela própria Universo, empresa que também produz a Mostra de Tiradentes, em janeiro e, o mais novo, o CineBH, este ano entre 30 de outubro e 4 de novembro.
Apesar de Tiradentes concentrar forças no cinema contemporâneo e o CineBH discutir o mercado do cinema no Brasil, Raquel diz que a “não temos três festivais, mas sim um programa que contempla a nossa produção em três áreas, e a da preservação e informação sobre filmes antigos não tinha um política clara no Brasil. Estava sempre no fim da fila nos debates do meio”, salientou.
O grande passo desta edição consistiu na reunião de 76 instituições preservativas de 15 estados do país, totalizando 56 acervos e/ou arquivos pessoais. De Pernambuco, estiveram presente o Instituto Lula Cardoso Ayres e a Fundação Joaquim Nabuco. No encontro ficou definida a criação da Associação Brasileira de Preservação do Audiovisual (ABPA), estando a frente do grupo Hernani Heffner, da Cinemateca do MAM (RJ), uma das maiores autoridades no assunto no Brasil.
Heffner lembrou que havia uma antiga demanda reprimida para a criação de uma associação nos moldes da ABPA. “As diversas instituições se conheciam mas não conversavam entre si. O setor, como um todo, não tinha uma identidade. Agora será estabelecida uma visão ampla e profissional a respeito da preservação”, explicou.
O governo não ficou de fora do debate. No primeiro dia do evento o Secretário do Audiovisual, Silvio Da-Rin esteve na cidade histórica e acenou positivamente para a nova entidade e disse aguardar novas propostas que gerem recursos para o setor.
O próximo passo é a criação de um estatuto para a Associação, que deve ser elaborado durante o CineBH quando a comissão execultiva da ABPA se encontra para também formalizar uma pauta de trabalho. As próximas ediçoes do CineOP servirão também como ponto de encontro anual para todas as instituições envolvidas se reunirem e se retroalimentarem com novas informações.
PROGRAMAÇÃO
No campo da programação, o curador e crítico Cléber Eduardo destacou que o trabalho feito no CineOP pensa a história não como algo definitivo, mas como um campo para tentar ler sem clichês previamente impostos. “Hoje, em 2008, temos mais aparelhos para olhar nossa história. Queremos voltar aos filmes para rever conceitos canônicos”, salientou.
Cléber chama a atenção também para o fato de que “preservar não é congelar o passado, mas pensar no futuro”. No que diz respeito ao inédito encontro entre as famílias de Glauber Rocha e Rogério Sganzerla para discutir a aproximação na obra dos dois, o curador disse que “as feridas dos anos 1960 foram abertas, mas não sangraram”, em referência ao excelente nível dos seminários que transcoreram no 3° CineOP.
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