3º CineOP – abertura
Evento homenageia Glauber e Sganzerla
Por Luiz Joaquim | 12.06.2008 (quinta-feira)
O CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, está apenas em sua terceira edição – começa amanhã -, mas chega com bossa e consistência intelectual, saindo do “feijão-com-arroz” da maioria das dezenas de eventos do gênero no Brasil Mais robusto que suas edições anteriores, e fugindo da estratégia pobre de utilizar a histórica cidade mineira apenas como moldura para o evento, o CineOP busca na história do cinema seu objeto de reflexão para pensar o cinema brasileiro de hoje.
Em sua programação, uma homenagem a Glauber Rocha e Rogério Sganzerla, dois mitos que trilharam caminhos estéticos e políticos distintos mas igualmente potentes no discurso cinematográfico. Abrindo o festival, cuja temática é “A Década de 60 no Cinema Brasileiro”, serão exibidos os curtas “Pátio” (1959), de Glauber, “Documentário” (1966) e “HQ” (1968), de Sganzerla (este último com Álvaro de Moya), além de “A Miss Dinossauro” (2006), de Helena Ignez, e “Abry” (2003), de Paloma Rocha e Joel Pizzini.
Mas além da projeção de várias obras restauradas de ambos, como os clássicos “Deus e O Diabo na Terra do Sol” (sábado) e “O Bandido da Luz Vermelha” (domingo), para citar dois, o CineOP propõe, numa iniciativa inédita, buscar diálogos e aproximações que existem entre eles, promovendo dessa forma uma necessária revisão desse período de inflexão na história de nosso cinema.
“Se havia uma briga por ocupações do espaço e por projetos de cinema em um momento de grande turbulência política e limitação de direitos no Brasil ( golpe militar em 1964, AI 5 em 1968), havia também consonâncias de efeitos e estratégias de cinema, com uma prática sempre pautada pela radicalidade da expressão audiovisual, pela fome de originalidade a partir de dados da realidade político-social (caso de Glauber) e da própria cultura de massa (caso de Rogério). Buscaremos também relativizar reducionismos e clichês sobre a época”, aponta Cléber Eduardo, crítico de cinema e colaborador da Temática Histórica da CineOP.
O evento também prevê lançamento nacional de dois longas-metragens contemporâneos, “Fronteiras”, do mineiro Rafael Conde, e “O Fim da Picada”, de Christian Saghaard. Ao todo, serão exibidos 98 filmes, 36 sessões, sendo 15 longas, 5 médias e 63 vídeos.
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