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Festivais

5º Panorama Recife de Documentários

Para pensar o documentário

Por Luiz Joaquim | 30.06.2008 (segunda-feira)

Num trabalho iniciado pelo antigo curador do Cineteatro Apolo e Parque, Marcos Enrinque Lopes, o Panorama Recife de Documentários ganha um novo desenho este ano em sua 5ª edição com a figura de Ernesto Barros, já há alguns meses à frente da função que era de Lopes. Mas a intenção da mostra permanece que é pensar o documentário. Um tipo de cinema que não se resume à categorização de “gênero”, como alguns anunciam.

De hoje a quarta-feira, o evento toma o Cineteatro Apolo e Parque com alguns títulos inéditos no Recife, debate com realizadores e blocos temáticos focando algumas produtoras locais como a Cabra Quente (hoje, às 14h no Apolo), a Telephone Colorido (amanhã, Apolo às 14h), e a Página 21 (quarta, Apolo, às 14h).

O evento olha também, com especial interesse, para a recente produção vinda do Ceará, que já havia chamado atenção na última mostra de Tiradentes (MG), em janeiro, pelo volume e qualidade dos trabalhos vindos de lá. Às 16h da terça-feira, passam cinco curtas fortalezenses sendo dois inéditos por aqui “Capistrano no Quilo”, de Firmino Holanda, e “Cidadão Jacaré”, também de Holanda com Petrus Cariry.

Logo depois, o Recife finalmente vai conhecer uma figura chamada Halder Gomes, guerrilheiro do cinema cearense, que aproveita seu bom humor e tesão pelo cinema para criar obras bem pessoais e com muita ação. Halder foi dublê nos EUA e foi com dinheiro estrangeiro que consegui rodar o longa “Sunland Heat” (2004), espécie de “Kill Bill” nordestino, divertido, rodado no Ceará e totalmente falado em inglês. No mesmo ano, rodou o curta-metragem satírico “Cine Holiúdy – O Astista Contra o Caba do Mal” que circulou por 45 festivais, incluindo internacionais. Ano passado veio “The Morgue” (necrotério), um suspense no estilo hollywoodiano, rodado em Los Angeles com elenco americano e orçamento de US$ 1 milhão.

“Loucos de Futebol”, que o 5° Panorama exibe, é seu primeiro documentário e ilumina um outra paixão, o Fortaleza, seu time do coração. O cenário é o estádio Castelão num clássico contra o Ceará. Mas sua lente não está apontada para o jogo, e sim para o torcerdor. A intenção aqui é, com o colorido desta população ensandecida, retratar os paradóxos do povo brasileiro. O resultado gera boas gargalhadas e reflexão também.

Ainda na terça-feira, o elogiado longa “Sábado à Noite” (às 19h15), de Ivo Lopes Araújo debuta por aqui mostrando sua radical experimentação, feito originalmente para o projeto Doc-TV. Na sequência, o Apolo abre espaço para “O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto”, realizado em 1986 pelo veterano Rosemberg Cariry, que compete com ele, considerando que seu “Cine Tapúia” (2006) passa às 20h do mesmo dia no Cine do Parque.

Além de curtas pernambucanos, programados para hoje no Apolo, destaque para o franceses “Os Filhos da Tchetchênia” (hoje), de Florent Marcie; “Rafah, Crônica de uma Cidade da Faixa de Gaza” (hoje), de Alexis Monchovet; e “Tweet Lovely Superstar”, de Emmanuel Gras, além do canadense “Ashes and Snow”, de Gregory Colbert, que passam na quarta-feira às 16h.

Outros longas que merecem atenção na programação são “O Tablado de Maria Clara Machado” (hoje, Apolo, às 20h), de Crezua Gravina; o carioca “Olhar Estrangeiro – Um Personagem Chamado Brasil” (hoje, Parque, às 14h e 18h), de Lúcia Murat; e o brasiliense “Romance do Vaqueiro Voador” (hoje, Parque, às 14h e 18h), de Manfredo Caldas sobre o lado trágico da construção de Brasília, e ainda o ótimo “O Engenho de Zé Lins” (hoje, Parque, 16h e 20h), com direção de Vladimir Carvalho em sua melhor forma.

Com ingresso a R$ 1 no Parque e acesso gratuitos nas sessões do Apolo, só há uma coisa a lamentar aqui, o choque entre as duas mostras – este 5° Panorama com a Mostra Dez Anos do Cinema da Fundação – que vai deixar os cinéfilos da cidade divididos.

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Programação – 5° Panorama Recife de Documentários

No Cineteatro do Parque

HOJE

14h e 18h – Olhar Estrangeiro – Um Personagem Chamado Brasil (RJ, 2006, 70´), de Lúcia Murat.
16h e 20h – O Engenho de Zé Lins (DF, 2006, 85´), de Vladimir Carvalho.

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AMANHÃ

14h e 18h – Romance do Vaqueiro Voador (DF, 2006, 73´), de Manfredo Caldas.
16h e 20h – Cine Tapuia (CE, 2006, 93´), de Rosemberg Cariry.

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QUARTA-FEIRA
14h e 18h – 500 Almas (RJ, 2004, 105´), de Joel Pizzini.
16h e 20h – Sicko – $O$ Saúde (EUA, 2007, 113´), de Michael Moore.

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No Cineteatro Apolo

HOJE
14h – Foco local – Produtora Cabra Quente, com a participação do diretor Wilson Freire.
Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico (PE, 2008, 22´), de Wilson Freire.
Xicão Xukuru (PE, 2008, 18´), realização coletiva.
Povo Xukuru – Perseguição e Resistência (PE, 2008, 15´), realização coletiva.

16h – Curtas e médias-metragens
Ocidente (PE, 2008, 6´30’’), de Leonardo Sette.
Solidão Pública (PE, 2008, 15´), de Daniel Aragão.
Itchkeri Kenti: Os Filhos da Tchetchênia (França, 2006, 14´), de Florent Marcie.
Até Onde a Vista Alcança (PE, 2007, 20´), de Felipe Peres Calheiros.
Rafah, Crônicas de uma Cidade da Faixa de Gaza (França, 2006, 52 min), de Alexis Monchovet .

18h – Terra Viva (SP, 2007, 80´), de Bérangère Jannelle e Stéphane Pauvret.

20h – O Tablado e Maria Clara Machado (Brasil, 2007, 75´), de Creuza Gravina.

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AMANHÃ

14h – Foco local – Telephone Colorido, .
Cogu (PE, 2008, 5´), de Telephone Colorido e Pajé Limpeza.
A Figueira do Inferno (PE, 2005, 25´), de Ernesto Teodósio e Raoni Valle.
Matar & Morder, Sangue na Água – Geladeira Metal (PE, 2008, 60´), de Telephone Colorido.

16h – Foco regional – Cinema do Ceará
Dos Restos e das Solidões (CE, 2006, 13´), de Petrus Cariry.
Capistrano no Quilo (CE, 2006, 21´), de Firmino Holanda.
Cine Zé Sozinho (CE, 2007, 16´), de Adriano Lima.

Câmara Viajante (CE, 2007, 20´), de Joe Pimentel.
Cidadão Jacaré (CE, 2005, 52´), de Firmino Holanda e Petrus Cariry.

18h15 – Loucos de Futebol, com a presença do diretor Halder Gomes. (CE, 2008, 22min)

19h15 – Sábado à Noite (CE, 2007, 63´), de Ivo Lopes Araújo

20h30 – O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (CE, 1986, 78´), de Rosemberg Cariry.

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QUARTA-FEIRA

14h – Foco local: Página 21.
Judeus no Recife (PE, 2002, 21´), de Marcílio Brandão.
Vale dos Poetas I (PE, 2002, 21´), de Marcílio Brandão.
Ligações (PE, 2007,19´), de Amaro Filho.

16h – Curtas e médias-metragens
Amanda e Monick (PB, 2007, 18´), de André da Costa Pinto.
Tarabatara (SP, 2007, 23’), de Julia Zakia.
Tweety Lovely Superstar (França, 2006, 18´), de Emmanuel Gras.
Ashes and Snow (EUA, 2005, 63´), de Gregory Colbert.

18h – Pretérito Perfeito (RJ, 2006, 71´), de Gustavo Pizzi.

20h – Os LIP, a Imaginação no Poder (L’Imagination au Pouvoir, França, 2006, 118´), de Christian Rouaud.

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