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Reportagens

Esperança para o Cine Arteplex no Recife

Depois de oito anos de espera, novo fôlego nas salas com o padrão Arteplex

Por Luiz Joaquim | 13.06.2008 (sexta-feira)

Quando foi anunciado, há 12 dias, que o Grupo BVA havia adquirido o Paço Alfândega, incluindo aí o complexo Chanteclair, e que a instituição iria investir cerca de R$ 30 milhões, sendo o maior montante desse valor direcionado ao prédio em reforma do Recife Antigo, a informação trazia também novo oxigênio aos cinéfilos da cidade que esperam há oito anos pelas salas com o padrão Arteplex, a ser administrada pela equipe da rede Espaço Unibanco.

A cabeça pensante por trás da prestigiada grife de salas de cinema que hoje opera em Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Santos chama-se Adhemar Oliveira, cujo início na área se deu lá nos anos 1980, quando agitava o movimento cineclubista e hoje é reconhecido como um dos mais respeitado e bem sucedidos programador de cinema.

Foi por ter passado pela experiência com o cinecubismo e a cinefilia que Adhemar não tornou sua rede refém dos arrasa-quarteirões norte-americanos. Na verdade, sua estratégia pioneira foi a de unir, dar igual peso a dois produtos – filme ‘pipoca’ com filme ‘de arte’ – num mesmo espaço, abrindo, assim, os olhos do habitual consumidor de blockbusters para um cinema mais reflexivo.

O programador, que acompanha de longe o desenrolar do destino do Chanteclair, agora com a BVA, se diz ansioso para chegar ao Recife. “Quem me apresentou ao Álvaro Jucá (primeiro administrador do Paço) em 2000 e falou da praça de vocês foi Lírio Ferreira e Paulo Caldas. Logo fiquei interessado no projeto e o Arteplex do Recife ia ser o primeiro do Brasil”, recorda o programador que, recentemente, inaugurou um complexo de dez salas em Pompéia (SP), totalizando 54 salas pelo País com a marca Arteplex (sem contabilizar as outras do padrão ‘Espaço’). Antes de chegar ao Recife, a próxima cidade contemplada será Salvador. Lá, em julho, ele lança sua nova casa, onde funcionava o antigo Cine Glauber Rocha.

Adhemar conta que está torcendo para que tudo corra o mais rápido possível. “Uma vez que nos entreguem o interior do prédio para trabalharmos, entre detalhes de instalação e burocracia, colocamos tudo de pé em quatro ou cinco meses, claro, desde que não haja imprevistos. As obras no Pompéia tomaram cinco meses”, pontua como referência.

Mas para chegar a entrega do prédio pronto ao Arteplex, ainda vai tomar um tempo. Antônio Jorge Longarito, gerente de novos negócios do grupo BVA, explica que já tem gente trabalhando para montar um orçamento e daí desenhar um cronograma de recuperação do espaço. “Ainda é prematuro dizer em quanto tempo teremos o prédio pronto. É um trabalho delicado, tanto na recuperação da fachada como internamente. Pode durar 18 meses ou mais. Há, também, alguns trâmites na Prefeitura (da Cidade do Recife, PCR) a serem definidos”, diz.

Até o fechamento desta edição, Amir Schvartz, secretário de Planejamento Participativo da PCR, não havia recebido nenhuma comunicação oficial do Grupo BVA a respeito de como será a ação do grupo sobre o conjunto Paço Alfândega. “Precisamos aguardar o contato formal dos investidores para daí podermos avaliar o novo projeto e fazermos um pronunciamento com informações mais precisas”, declarou o secretário através de sua assessoria.

Enquanto isso, Adhemar, com sua experiência no ramo, comenta, quase como um recado: “Na área cultural, a gente apanha muito, mas insiste e consegue. É sempre mais complicado trabalhar nessa área. São poucos os pares que investem e os recursos costumam ser baixos. O retorno também é demorado. Cinema, definitivamente, não é um objeto dos mais fáceis de investir, mas é uma área que oferece algo mais que apenas valores financeiros. Cria valores que economistas não podem calcular”, filosofa.

Quanto às expectativas do novo investidor do Chanteclair, Longarito é otimista uma vez que, diz ele, “o Recife Antigo tem uma tendência à atividade cultural e a grandes eventos. Com a veia alternativa da rede Arteplex, acredito que vamos cobrir uma lacuna ali”, ratifica.

Que venha então, e rápido, o Arteplex, com sua programação refinada para sete ou oito salas, totalizando 1.350 poltronas, incrementando ainda mais o espírito cinéfilo do recifense.

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