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Festivais

1º Festival de Cinema de Paulínia (2008) – noite d

Tremam. Ele voltou

Por Luiz Joaquim | 10.07.2008 (quinta-feira)

Paulínia (SP) – Zé do Caixão está mais vivo do que nunca. Pelo menos foi o que se viu na quinta noite do 1º Festival de Cinema de Paulínia, que trouxe um momento verdadeiramente histórico para o cinema brasileiro com a primeira exibição nacional de “Encarnação do Demônio”. O personagem mais marcante do terror nacional ressurgiu em aparição triunfal pelo teatro municipal da cidade para anunciar o encerramento da trilogia iniciada em 1964 com “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”. Mesmo vestido como Zé do Caixão, a personalidade de José Mojica Marins apareceu, dominou o palco e se confundiu com o mito ao falar da sua espera de 40 anos para apresentar o filme ao público. Após ler um longo discurso, resumiu sua trajetória em cinco palavras: “paciência, perseverança, persistência, garra e vitória!”. Muito bem-humorado, ainda “cutucou” o público. “Se vocês gostarem, eu prossigo. Se não gostarem, eu paro, não encho mais o saco”.

Com o resultado e a recepção calorosa de “Encarnação do Demônio”, a carreira de Zé do Caixão ainda promete uma longevidade criativa e saudável. Seria redundante dizer que é uma obra de grande impacto, absolutamente visceral, que pede uma volta a ela para ser melhor absorvida. A busca pela mulher que poderia gerar seu filho perfeito volta com tintas ainda mais obsessivas que nas duas primeiras
películas, mas desta vez ele tem que se ver com os muitos inimigos que conseguiu durante sua vida, inclusive durante as quatro décadas que passou na prisão. A realidade brasileira de corrupção e ineficiência policial também tangencia o filme, em participação dura de Jece Valadão, já falecido. Mesmo com a modernização da técnica usada em seu novo filme, que substituiu a precariedade dos efeitos que o diretor usava nos anos 60, Mojica teve a sabedoria de não se deixar soterrar
pela passagem do tempo e se manteve fiel ao seu estilo de filmar. O radicalismo estético de sua obra e o simbolismo místico da sua obra, que já impressionavam e transgrediam desde a década de 60, encontram aqui uma estética ainda mais violenta e trazem Zé do Caixão de volta ao lugar de ponta no terror brasileiro. O filme estréia em 8 de agosto, com distribuição nacional pela Fox.

PROGRAMAÇÃO DA NOITE – O primeiro longa da noite foi o documentário “Rita Cadillac – A Lady do Povo”, de Toni Venturi. A produção foi uma dos quatro contempladas pelo programa Documenta Brasil – junto com o pernambucano “KFZ-1348″ e ‘Pindorama: A Verdadeira História dos Sete Anões”, que tem o pernambucano Lula Queiroga como um dos diretores e tem exibição agendada em Paulínia para hoje. Apesar da forma “careta” de filmar, com cacoetes televisivos e com direito até a autopropaganda do diretor, a união entre a vida da mulher Rita de Cássia e o surgimento da personagem Rita Cadillac traz uma riqueza humana que só os excelentes personagens conseguem trazer para os filmes dos quais participam. No entanto, esta riqueza se deve muito mais à coragem de uma mulher pública em expor sua vida sem glamour do que pelo . A noite contou ainda com os curtas-metragens “Interpolar”, de Matheus Sarmento, “Vida Maria”, de Márcio Ramos, e “CODA”, de Marcos Camargo.

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