Revendo história recente da UCI/Ribeiro no Recife
Em 2000, o Cine São Luiz do Recife já preocupava o GSR
Por Luiz Joaquim | 22.08.2008 (sexta-feira)
Ainda no clima de comemoração dos 10 anos do multiplex UCI/Ribeiro no Recife, postamos antiga reportagem sobre a join-venture comemorando a liderança do ranking de venda de ingressos e faturamento em 2000, com apenas dois anos de vida na capital pernambucana. Também na pauta, a então recente reforma sofrida no Cine São Luiz carioca, no Largo do Machado, e uma reflexão do GSR sobre o já decadente São Luiz recifense.
LUIZ JOAQUIM
Escrito em fevereiro de 2000 e publicado no Jornal do Commercio (do Recife)
A mais tradicional rede de exibição cinematográfica do Brasil, o Grupo Severiano Ribeiro (GSR), comemora a vitória, em 2000, no ranking de venda de ingressos e faturamento entre as principais empresas do ramo no País: a United Cinema International (UCI) e a Cinemark. Outro motivo de festa foi a boa resposta do público carioca para a reinauguração do cinema São Luiz da Praça Duque de Caxias (RJ), no último 20 de janeiro. Prestes a completar 84 anos, o grupo dá mais uma prova de fôlego ao anunciar a inauguração, até o final do ano, de uma megaplex com 15 salas em Campinas (SP), praça onde nunca operou como exibidor. Planos incluem também a construção, até 2003, de mais cinco mutilplex distribuídos pelo País.
O mais recente complexo de cinema da empresa octagenária nasceu há pouco mais de uma mês, em Goiânia. Com um investimento de R$ 6 milhões, foram levantadas oito salas divididas numa área de cinco mil metros quadrados dentro do Goiânia Shopping. Equipado com telas gigantes (12,7m x 5,4m) e com tecnologia de som Dolby digital, as salas totalizam duas mil poltronas. A expectativa do diretor de planejamento e expansão do GSR, Francisco Pinto, é que o complexo de Goiás atraia um milhão de pessoas por ano e, em média, 100 mil pagantes por mês.
“Somando as novas salas de Goiânia e a reforma no São Luiz do Rio de Janeiro, fechamos 2000 com 174 salas distribuídas em 12 cidades brasileiras”, contabliza Pinto. Com esse número, o GRS vendeu exatos 15.515.554 ingressos no ano passado. No mesmo período, as 218 salas do Cinemark ficaram em segundo lugar com 15.240.475 bilhetes vendidos; enquanto a UCI vendeu 8.361.307 tickets nos seus 99 cinemas espalhados pelo Brasil.
O faturamento de R$ 90,77 milhões alcançado no ano passado pelo GSR, estimulou a família Ribeiro a expandir seu negócios construindo novos complexos em São Paulo (seis salas), Amazonas (sete salas), Espírito Santo (sete salas), Ceará (12 salas) e Rio de Janeiro (12 salas). Os dois últimos devem surgir via join-venture com a UCI, como acontece no Recife. O empreendimento envolve R$ 46 milhões e inclui a remodelação de antigos cinemas de rua no Rio de Janeiro. Com as reformas, o cinema do Leblon vai dar espaço a cinco salas, o de Copacabana transforma-se em quatro salas, assim como o de Icaraí, em Niterói.
“O sucesso da reinauguração do São Luiz no Largo do Machado mostrou que estamos no caminho certo. Na semana passada, compareceram ao local 10 mil espectadores. Isso equivale a 42% da ocupação do espaço, o que é um bom resultado se considerarmos que a percentual normal é de 30%”, comemora Pinto. Ele diz que a idéia de reformar o tradicional cinema perto do Palácio do Catete nasceu de uma análise do mercado, cujo resultado revelou uma nova tendência. “Os residentes de bairros muito populosos querem cinema perto deles. Como esses bairros não comportam um multiplex , decidimos remodelar nosso antigo patrimônio”, comenta.
O ‘novo’ São Luiz carioca ficou quatro meses paralisado e consumiu R$ 2,5 milhões para reabrir dividido em quatro salas (duas com 150 poltronas e duas para 270 pessoas) no formato stadium. Ou seja, no estilo arquibancada, livrando o incômodo de ter a visão da tela atrapalhada pela cabeça do espectador na poltrona da frente. A capacidade inicial do cinema, quando construído em 1937, era de 1.794 lugares. Inspirado no Radio City, de Nova York, a luxuosa construção precisou ser demolida em 1980 para dar espaço a obras do metro. Três anos depois, o GSR inaugurou o edifício São Luiz, onde também funcionam restaurantes e salas comerciais.
NA RUA DA AURORA – Para o recifense, o anúncio de Francisco Pinto em reformar os tradicionais cinemas de rua do GSR remete de imediato ao palácio cinematográfico pernambucano na rua da Aurora. Inaugurado em 6 de setembro de 1952, o Cine São Luiz do Recife precisa de reparos para não perder o esplendor que refletia em outros tempos. Mas essas reformas ainda não constam na planilha do diretor de planejamento e expansão do grupo.
“As mudanças no São Luiz recifense está sendo estudadas, mas precisaríamos do apoio da prefeitura da cidade no sentido de revitalizar o bairro da Boa Vista; num processo parecido com o que aconteceu com o Recife Antigo”, diz Pinto. Se a reforma acontecer, os puristas não precisam se preocupar achando que a sala da Boa Vista vai perder suas características arquitetônicas. Pelas palavras do diretor, o São Luiz nunca será dividido em várias salas. As mudanças aconteceriam nos equipamentos e nas poltronas. “Temos muito carinho pelo Nordeste e sabemos que a sala não é só um patrimônio histórico do GSR, é do Recife também”, encerra.
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