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Críticas

A Última Amante

Amante à moda antiga

Por Luiz Joaquim | 23.09.2008 (terça-feira)

Em “A Última Amante” (Une Vielle Maîtress, Fra./Ita., 2007), a diretora francesa Catherine Breillat sai de seu habitual tempo, o contemporâneo, e vai para Paris do século 19. Lá temos o libertino Ryno de Marigny (Fu’ad Ait Aattou) prestes a casar com a nobre Hermangarde (Roxane Mesquida). Antes, ele conta para a avó dela suas confidências que se traduzem nos dez anos que passou ao lado da cortesã Vellini (Asia Argento). O filme entra em cartaz no Cine Rosa e Silva (Recife) na sexta-feira (26).

A história é baseada num romance escandaloso daquele período escrito por Jules-Amédée Barbey d’Aurevilly’s. A época é outra mas Breillat mantém sua fascinação pela fronteira entre o valor do sexo e do amor entre um homem e uma mulher. Visivelmente fascinada pelo belo ator que interpreta Ryno, Breillat quase não tira o close do rosto hermafrodita do rapaz. Destaque fica também com a interpretação magnética de Argento, perfeita, como sempre, para personagens perturbados e perturbadores no que diz respeito ao baixo instinto.

Para Breillat, amor e exploração sexual andam de mão juntas porque, quanto mais as pessoas se dão umas as outra, mais vulnerável elas se tornam. E, uma vez que duas pessoas dividem essas sensações, uma forte luta se intensifica intimamente, e aí o sofrimento, por circunstância da ausência do outro, toma corpo.

Esse é um desenho próximo dos caminhos que Breillat costuma trilhar. E é claramente uma maneira pessimista de ver um relacionamento amoroso. “A Última Amante” vai fundo (e bem) nesta cruel e seca forma de contar uma história de amor, espécie de marca forte no estilo da diretora.

Um última observação: pela relação dependente e impossível de Vellini com o jovem Ryno, “Uma Velha Amante” remete em alguns instantes ao clássico “A História de Adele H.” (1975), do mestre François Truffaut. O tom, entretanto, é bem distinto.

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