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Críticas

Controle Absoluto

Quando o Big Brother vai às ruas

Por Luiz Joaquim | 26.09.2008 (sexta-feira)

Nunca deixa de impressionar a forma como Hollywood confecciona estrelas como quem industrializa uma caixa de sapato. A bola da vez é o esforçado Shia Labeouf que protagoniza “Controle Absoluto” (Eagle Eye, EUA, 2008). Ao seu lado está a em também ascensão e bonitinha Michelle Monaghan. Ele você já viu como o filho de Indiana Jones e como o amigo dos Transformers. Ela, como o terceiro vértice de “Antes Só do Que Mal Casado” e ao lado de Tom Cruise em “Missão Impossível 3”. No caso de Monaghan, há o elemento ‘talento’ circundando a moça, no caso de Labeouf, há o elemento ‘Steven Spielberg’ circundando o rapaz. Dos três filmes aqui citados em que ele atua, dois são da DreamWorks SKG (o ‘S’ é de Spielberg).

No caso de “Controle Absoluto”, há ainda a figura de D.J. Caruso, diretor de filmes medíocres com a capacidade de serem esquecidos quase que imediatamente. Caruso funciona como um programa de computador que filma o maior número de imagens aleatoriamente e, com seu montador (Jim Page), senta-se para compor seqüências de ação tal qual nos habituamos a ver em videoclipes velhos. A perseguição de automóveis em “Controle Absoluto” é a melhor tradução audiovisual para esta assertiva.

A mirabolância do roteiro aqui (a quatro mãos) é quase cômica, mas parte de uma premissa legal, que saiu há vários anos da cabeça do próprio Spielberg. Não é, entretanto, uma idéia original. Parte do pressuposto que a tecnologia, que nos cerca de forma cada vez mais onipresente, se volta contra nós. A primeira referência cinematográfica nesse quesito está em Hal, traduzido pelo brilhantismo de Kubrick, adaptando o “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, Arthur C. Clark. Isto há 40 anos.

Tudo começa quando o funcionário Jerry (Labeouf) de uma loja de maquinas repográficas verifica sua conta corrente num caixa rápido e descobre ter R$ 750 mil dólares por lá. Ao chegar em casa, estão dezenas de caixas com armamento pesado sem o endereço do remetente. Na seqüência, uma voz feminina lhe telefona e antecipa o que vai lhe acontecer em 30 segundos.

No outro lado da cidade, a assistente Rachel (Monaghan) de um escritório de advocacia, escuta a voz da mesma mulher lhe dando ordens pelo celular e, no caso de recusa, seu filho morre.

Enquanto não se sabe quem é a responsável pelas ordens, que soa como um ser onisciente e onipresente, e isso impressiona, a trama corre interessante porque o roteiro coloca o espectador no mesmo patamar de desinformação do casal protagonista.

Entretanto, quando a razão é revelada – envolvendo os clássicos FBI e o destino do Presidente dos Estados Unidos da América – tudo rui e cai no lugar-comum de Hollywood, assim como a perseguição videoclipeira de D. J. Caruso.

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