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Festivais

Festival do Rio 2008 (dia 28)

Docs triunfam no Rio, ficções nem tanto

Por Luiz Joaquim | 28.09.2008 (domingo)

RIO DE JANEIRO (RJ) – Com 18 graus celsius e uma chuva fina e ininterrupta caindo sobre o estado da Guanaraba, o Festival do Rio está menos bonito. A programação, ao menos nesse iníco do evento, também deixa a desejar, mesmo exibindo títulos premiados em festivais europeus. Trata-se de um questão de má safra, na realidade. Ao menos nas obras de ficção.

Os documentários parecem estar chamando mais atenção por aqui. Um deles – “Procedimento Operacional Padrão” (S.O.P – Standard Operation Procedure, EUA, 2008), é bastante esperado por aqui e só chega ao público na próxima sexta-feira. O CinemaEscrito já conferiu o filme em sessão fechada.

Dá para desconfiar do sucesso do filme no último Festival de Berlim, onde levou o grande prêmio do júri. Seu tema é um assunto polêmico – as fotografias tiradas por soldados norte-americanos torturando presos iraquianos na prisão de Abu Ghraib, quando a caçada por Saddan Hussen era desenfreada.

As fotos mudaram a história da Guerra do Iraque e a imagem da América no mundo inteiro pela maneira como estes soldados(as) apareciam nelas, sorrindo com os presos ao fundo, sem roupa, empilhados uns nos outros e sexualmente humilhados. Com o depoimento tomados hoje dos protagonistas das fotos, conhecemos os detalhes das torturas e entende-se que se tratava de um jovens com pouco mais de 20 anos, inesperientes tomando ordens e, alguns, se divertindo com isso.

O que S.O.P revela é forte, mas seu diretor, Errol Morris, insistiu em maquiar seu filme com uma dramaticidade audio e visual desnecessária, que distrai. A imagem em Scope é o primeiro desperdício, pois o impacto visual da história se baseia em fotos toscamente tiradas por câmeras digitais de baixa resolução. Depois, para cada situação encenada, Morris exagera no som e na câmera-lenta, como há ainda trilha-sonora de Danny Elfman, inadequada aqui e mais apropriada para um filme do Batman dos anos 1990. Filme deve ser distribuído comercialmente no Brasil.

Uma ficção que também prometia e decepciona, pondo em questão uma contemporânea escola argentina de fazer cinema é “Liverpool”, filme de Lisando Alonso, que esteve na Quinzena dos Realizadores deste último Cannes. O filme fala de um marinho que vai visitar a mãe, sem saber se ela ainda esta vivo. Pronto. A isto se resume a trama de Alonso.

Sem tensão, quase sem diálogos, sem vigor interpretativo do protagonista, “Liverpool” não estimula a curiosidade do espectador. Abusa do planos fixos, tornando já um clichê planos em que o personagem sai do quadro e a câmera permanece registrando a paisagem inerte. Alonso não sabe impor sentido a esta estratégia outrora tão cara a bons cineastas e aqui desperdiçada, sendo usada como um truque barato. Para o constrangimento do diretor, presente na sessão, as palmas foram opacas, não sem antes o filme ter expulsado um terço da platéia.

Já o francês “Um Conto de Natal” (Un Conte de Noël), de Arnaud Deslechin agradou com seu elenco estelar – Catherine Deneuve, Mathiel Amauric, Chiara Mastroianni. Premiado em Cannes 2008, conta a história de uma família conturbada que se reúne sob farpas em função da necessidade de um transplante de medula da matriarca Junon (Deneuve). Verborrágico como só os filmes franceses conseguem ser, “Um Conto…” guarda um humor refinado e um retrato curiosos (inclusive na sua narrativa) para as relações familiares.

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