Festival do Rio 2008 (dia 29)
Foco Criança?
Por Luiz Joaquim | 30.09.2008 (terça-feira)
RIO DE JANEIRO (RJ) – Na edição deste ano do Festival de Cannes, Rodrigo Santoro esteve em destaque. Uma das razões foi pela particiação no novo filme do respeitado argentino Pablo Trapero, “La Leonora”, em competição por lá e aqui no Festival do Rio programado para exibir neste sábado. A participação do brasileiro é pequena, mas determinante como o amante do namorado de Julia (Martina Gusman).
Ambos estão envolvidos na acusação do assassinato de namorado de Julia mas o drama concentra-se nela e em sua gestação numa cadéia especial para grávidas. O local é um espaço considerado VIP entre as presas pela presença dos filhos das condenadas, mas Trapero está interessado na dor psicológica das mães, pois ao atingir os quatros anos de idade, seus filhos saem do cárcere. A entrega de Gusman chama a atenção e Trapero (de “Família Rodante”), como de costume, administra bem o ritmo da crescente agonia. “La Leonora” já tem distribuição garantida no Brasil.
De forma curiosa, este principio de programação do Festival tem dado destaque para dramas com crianças. Na tarde de domingo, estreou no evento “Son of a Lion”, de Benjamin Gilmour. Esta co-produção entre Áustria e Paquistão olha para Niaz (Niaz Khan) meino de 11 anos que mora no vilarejo seco de Darra, fronteira a Noroeste deste último país.
Lá, a manufatura de armas é a moeda corrente e Niaz trabalha, contra a vontade, com o pai, guerreira tradicionalista que o não o deixa realizar seu maior sonho, estudar, por ser “coisa do demônio”. Narrativa aqui tem alguma influência do cinema ocidental, mas a tensão bélica cultural do Paquistão não deixa o espectador piscar, principalmente com crianças sustentando metralhadoras. “Son of a Lion” esteve em fevereiro no Festival de Berlim
O italiano “Um Dia Perfeito” (Un Giorgo Perfeito, 2008), de Ferzon Özpetek , mostra o tal dia maravilhoso de duas crianças, mas infernal para a mãe Emma (Isabella Ferrari). História inicia com a cena de um crime num apartamento romano e rebobina para 24 horas antes quando entedemos que Emma evita o ex-marido ciumento que tenta de forma literalmente desesperada reconquista-la. A perturbação mental dele é o leitmotiv da ação e o filme de Özpetek ainda consegue tocar mesmo com uma proposta já abusada pelo cinema (o ciúme doentio) e mesmo também com uma trilha sonora acima do ponto, em tom quase lacrimal, comum em algumas produções italianas.
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