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Livro: Mas Afinal… O que É Mesmo Documentário?

O documentário, agora sob todos os ângulos

Por Luiz Joaquim | 22.09.2008 (segunda-feira)

É amanhã (23) às 18h30, na Livraria da Vila, em São Paulo. O evento é restrito e localizado mas o objeto do encontro pode ser usufruído no mundo inteiro Trata-se do lançamento de “Mas Afinal… O que É Mesmo Documentário?” (Ed. Senac SP, 448 págs., R$ 65), novo livro do pesquisador e professor do departamento de cinema da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fernão Pessoa Ramos.

Quem estuda cinema sabe o quão valiosa é a parceria entre Ramos e a editora Senac. Com ela, organizou, ao lado de Luiz Felipe Miranda, o essencial “Enciclopédia do Cinema Brasileiro” (2000), e depois “Teoria Contemporânea do Cinema” (2005). Antes, escreveu “Cinema Marginal: a representação em seu limite” e organizou “História do CInema Brasileiro”.

Com “Mas Afinal…”, coloca hoje mais uma obra de referência nas livrarias. Ramos divide a brochura em duas partes. Na primeira – “Fundamento para uma Teoria do Documentário” -, desenvolve a discussão sobre a diferença entre o documentário e a ficção (suas fronteiras); e como os dois modelos estabelecem asserções sobre o mundo. Também questiona a manipulação da verdade e a ética no documentário. Define diferenças entre o formato com a reportagem, a propaganda e obras experimentais. A questão central do livro, à propósito, é a historicidade das formas do documentário e sua ética.

Sintonizado com as novas estratégias estilísticas, de estruturas narrativas diversas como a enunciação da primeira pessoa, Ramos vai fundo na questão do ‘sujeito-da-câmera’, da montagem e do espectador, assim como outros elementos narrativos.

Num segundo momento, o pesquisador olha para o documentário brasileiro. Introduz com a representação do popular no doc nacional nos últimos 50 anos, e volta no tempo, na primeira método do século 20 para lembrar que, do início do cinema falado até o Cinema Novo, a articulação do formato se dava basicamente pelo extinto Instituto Nacional do Cinema Educativo. Nesse contexto, diz que a figura de Humberto Mauro foi primordial.

Daí, parte para a idéia do cinema direto no Brasil (1961-1965), e a influência da chegada de equipamentos mais leves para a confecção desse tipo de filme. Aqui, dá um destaque especial para dois títulos precursores no estilo: “Arraial do Cabo” (1959), de Mário Carneiro e Paulo César Saraceni, e “Aruanda” (1960), de Linduarte Noronha.

No contexto, Ramos ainda analisa diretores como Joaquim Pedro, Hirszman, Arnaldo Jabor e Pedro Farkas. Deles, temos analisadas obras como “Garrincha: Alegria do Povo”; “Maioria Absoluta”; Integração Racial”; “Opinião Pública”; e “Viramundo”. A recente produção documental também está lá avaliada com “Notícias de Uma Guerra Particular”; “O Prisioneiro da Grade de Ferro”; “Ônibus 174” e outros.

O grande desafio aqui é levantar as preocupações metodológicas e conceituais para o doc, quando o cinema, se sabe, é destinado em sua maior parte ao consumo e ao entretenimento de massa.

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