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Festivais

32a Mostra de SP (2008) – dia 18.out.

Mostra exibe jóias cinematográficas

Por Luiz Joaquim | 19.10.2008 (domingo)

SÃO PAULO (SP) – Ao contrário da edição 2008 do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, encerrada há 18 dias, esta 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo já iniciou, quinta-feira passada, desenhando em sua programação um leque dos títulos mais radicais disponíveis pelo mundo neste ano.

Espalhada entre 25 salas da megalópole, a boa seleção e exemplar organização do evento, já faz os paulistanos correrem de um lado a outra pela cidade, com sua indefectivel e constante garoa, a uma temperatura de 14o celcius. E se há uma massa de público pensante e crítica sobre cinema por aqui, a ‘culpa’ é mesmo de Leon Cakoff e Renata de Almeida. Com a Mostra, os diretores do festival vêm educando há três décadas o olhar cinematográfico da população local. São gerações alimentadas visualmente todo ano pelo evento, e que o retro-alimenta com uma mobilização comovente e inteligente.

Já na sexta-feira passada, no debate que inaugurou a série de encontros do seminal Clube da Mostra, em frente ao Espaço Unibanco de Cinema, na rua Augusta, concluiu-se que apesar dos entraves burocráticos e das dificuldades financeiras, a co-produção internacional com o Brasil vislumbra um futuro sadio. Na conversa mediada pelo crítico Rubens Ewald Filho, estavam o presidente da Ancine Manoel Rangel, Guillaume Benski, da Divine Production (da França), Fabiano Gullane (representando sua produtora) e o diretor da co-produção Brasil-Itália, “Terra Vermelha”, que abrira a Mostra uma dia antes.

NAS TELAS
Enquanto isso, outro público já aproveitava nas telas novidades como “Acne”, o único representante do Uruguai no programa Perspectiva Internacional. Dirigido pelo jovem Federico Veiroj, e realizado pela produtora Rizona Films (que deu ao mundo “Whisky” e “El Custodio”), “Acne” é a história do menino Rafa (o ótimo Alejandro Tocar) que, aos treze anos tem sua primeira experiência sexual com uma prostituta.

Exemplar em sua representação do universo adolescente – que sugere uma atemporalidade, não ficando presa a ícones culturais de hoje, e sendo passível de identificação por qualquer geração – “Acne” mostra o judeu Rafa se dividindo entre as aulas de piano, os primeiros tragos proibidos de cigarro, o jogo de cartas com os amigos, as aulas de natação e tênis, além da escola, onde convive numa paixão platônica por uma colega.

Naturalmente tímido, sua retração e insegurança só aumentam com o rosto coberto de espinhas, o que faz parecer ainda mais distante a realização de seu maior sonho: dar o primeiro beijo. Tocante, e com um humor sutil, “Acne” é preciso em apresentar o despertar de um homem, um gentleman desajeitado, no corpo franzino de um menino. Filme esteve na Quinzena dos Realizadores em Cannes 2008, vai para Toronto e ainda não foi comprado para o Brasil.

Também tendo passado (e premiado como melhor roteiro) pelo festival francês, foi “O Silêncio de Lorna”, o novo petardo sócio-humano dos irmão Jean-Pierre e Luc Dardenne. A pauta aqui é o casamento branco da jovem albanesa Lorna (Arta Dobroshi) com o viciado em heroína Claudy (Jérémie Rénier, de “O Filho”) para conseguir identidade belga.

Continua impressionando a simplicidade dos Dardenne em operar emoções fortes enquanto passeiam por chagas sociais numa fuidez narrativa que não só seqüestra a atenção do espectador, como também o perturba. Espectadoras devem sofrer forte aqui, junto com a saga da personagem. Como todo bom filme, “Lorna” sugere que o cinema é uma arte simples de realizar. A assertiva é falsa e sugestionada apenas por obras primas.

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