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Festivais

Festival do Rio 2008 (dia 01.out)

Selton Mello estréia dirigindo um longa-metragem

Por Luiz Joaquim | 02.10.2008 (quinta-feira)

RIO DE JANEIRO (RJ) – Esta edição do Festival do Rio vem contemplado em específico vários diretores estreantes em longas-metragens. Dois deles são atores. Matheus Nachtergaele, que lançou o seu “A Festa da Menina Morta” (divindindo opiniões) no domingo, e Selton Mello com seu “Feliz Natal” (não dividindo tantas opiniões), na noite de quarta-feira. Curiosidade, os dois são fotografados pelo bom Lula Carvalho.

É um trabalho muito pessoal de Selton, que embargava a voz de emoção no palco do Cine Palácio, Cinelândia, quando apresentava o longa. “Espero que seus olhos sejam atendidos pelo filme”, despediu-se da platéia, com a gigantesca equipe de pé ao fundo.

“Feliz Natal”, quando exibido no 1º Festival de Paulínia (SP), deu prêmios de atriz para Darlene Glória e coadjuvane para Graziella Moretto. Selton ainda foi distinguido por lá como melhor diretor. O filme está em competição por aqui também, mas os resultados não devem se repetir como em Paulínia. Exceto no caso de Darlene, um monstro em cena, que guarda alguns dos melhores momentos do filme, contracenando com Lúcio Mauro.

No enredo temos Leonardo Medeiros (Caio) fazendo mais uma vez um fracasso. Administra um ferro velho e vai passar o natal com a família que o rejeita. Darlene é a mãe bêbada, Mauro o pai separado que namora uma jovem, Paulo Guarniere o irmão dono da casa e Moretto sua esposa. Há ainda a participação de crianças, filha do casal, além dos amigos de farra de Caio.

Em entrevista às TVs no sagão do cinema, Selton dizia que fez o filme porque tinha necessidade de se expressar mais. Vendo o filme, enxerga-se um mosaico de sentimentos, distribuídos em diversos personagens, dando quase para enxergar vários ‘Seltons’ em algumas figuras da trama. Desde o menino, que irradia molecada e fica sério diante das brigas da família, até o mais óbvio, seu alter-ego no filme, na pele do amigo beberrão de Caio.

Apesar de um começo intenso e promissor, “Feliz Natal” parece perder-se do próprio discurso na segunda metade, soando como uma tentativa ora feliz e ora infeliz, desse novo cineasta inquieto chamado Selton Mello.

No “Foco Reino Unido”, exibiu aqui “Rock`N`Rolla – A Grande Roubada” (estréia 31 de outubro), novo filme de Guy Ritchie, ex-marido de Madonna, de quem comentamos aqui seu “Sujos e Sábios”. Bom ver os dois filmes próximos. Salientou enxergar como eles guardam opções estéticas e narrativas parecidas, reforçando quem é o original e quem é a cópia mal-feita.

Ritchie retorna à forma que mostrou “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, há dez anos. Não há nada de novo. Ele faz o que sempre fez, a questão é que o faz de forma competente. Reúne bons atores – aqui estão Tim Wilkinson, Thandie Newton e Gerard Butler (“300”) -, cria personagens engraçados e com nomes engraçados – OneTwo, Johnny Handsome -, e metralha ótimos diálogos de humor afinado dito pela boca da escória criminosa e macho de Londres.

Some-se à receita uma trama com três reviravoltas, no mínio, na qual todos, em algum momento saem perdendo. Num ritmo alucinado de diálogos (necessários) e montagem, “Rock`N`Rolla” não permite que o espectador pisque enquanto conta a história do malvado Lenny (Wilkinson), o poderoso no submundo do mercado imobiliário londrino, prestes a fechar contrato com um bilionário russo.

Enquanto um tenta passar o outro para trás, um sem-fim de personagens vão entrando no enredo, cujo foco muda da trapaça imobiliária para uma pintura misteriosa, que parece dar sorte para alguns e azar para outros. Diversão pura.

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