RIO DE JANEIRO (RJ) – A tela do cine Palácio, na Cinelândia, serviu de palco na noite de sexta-feira para o lançamento do mais novo filme do pernambucano Lírio Ferreira. O projeto “O Homem que Engarrafava Nuvens”, uma cinebiografia de Humberto Teixeira – o `Doutor do Baião`, letrista do clássico “Asa Branca” e outras canções famosas na voz de Luiz Gonzaga – sedimentou de vez o talento do diretor de “Arido Movie” e “Cartola – Música Para os Olhos” (com Hilton Lacerda) como refinado administrador de imagens de arquivo para compor um retrato audiovisual de respeito que também gera prazer.

O projeto era antigo. Foi idelizado e produzido pela filha de Teixeira, a atriz Denise Dummont, que mora há mais de 20 anos em Nova Iorque. No palco, Dummont contou que buscou a ajuda de Daniel Filho para concretizar o projeto e daí ouviu do gerente da Globo Filmes: “tenho a pessoa certa para você, Lírio Ferreira”.

Como em “Cartola”, Lírio começa o doc com Dummont no cemitério em busca do túmulo do pai, o que já dá o norte do se verá: uma busca não só artística, mas pessoal da atriz pela memória do homem Teixeira. A idéia lembra “Person” filme da Marina Person sobre o pai cineasta Luís Sérgio; mas Lírio, cercado de gente talentosa na pesquisa e no desenho da trilha sonora (Guto Graça Mello), fotografia (Walter Carvalho) e design (Gringo Cardia) fez, além de informativo, um filme prazeroso, para os olhos e ouvidos.

Não apenas concentra-se em desvendar o talento do compositor, advogado, deputado e criador de leis de direitos autorais, mas demonstra o alcance que o Baião ganhou no mundo a partir de sua parceria com Gonzaga. “Asa Branca” em japonês e inglês, na voz de David Byrne, são exemplos dessa força. Lírio entra também no campo familiar do compositor, com depoimentos fortes da própria Dummont e de sua mãe. “O Homem que Engarrafava Nuvens” ainda não tem distribuidora comercial.