41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (Nº
“Filmefobia” forja documentário estrelado por Jean-Claude Bernardet
Por Luiz Joaquim | 23.11.2008 (domingo)
BRASÍLIA (DF) – Todos já vivenciaram ou testemunharam uma situação de constrangimento coletivo no mundo impiedoso e cruel das salas de aula. Guardadas as proporções, é mais ou menos esse o clima sentido por quem estréia num festival de público tão tradicionalmente aguerrido como o do Festival de Brasília. Pois nesta quinta-feira foi a vez do cineasta Marcelo Lordello, que em seu discurso de apresentação de seu curta, “Nº 27”, angariou o máximo de simpatia que pôde da platéia de 600 pessoas.
‘Faço parte da Trincheira Filmes, estive aqui no ano passado e sei do que vocês são capazes’, brincou. Lordello se referia à exibição do curta “Décimo Segundo”, dirigido por Leonardo Lacca e produzido pela Trincheira, vaiado em peso pelo mesmo público na edição passada do festival.
Sem avançar muito na sinopse do filme, “Nº 27” conta a história de um aluno do ensino médio que, vítima de um pequeno acidente na escola, vê sua situação piorar a ponto de ter que lutar contra a humilhação e o assédio de seus próprios colegas. A narrativa construída por Lordello dá ao curta um inusitado (mas eficiente) tom de suspense, ainda raro nas produções com foco na infância e adolescência.
No entanto, a opção pelo prolongamento de algumas sequências do filme (traço recorrente nas produções atuais da Trincheira) parece ter incomodado parte do público que lotou o Cine Brasília. Assim, “Nº 27” chegou ao final de sua projeção sendo recebido tanto com palmas entusiásticas quanto com vaias sonoras, repetindo em menor escala o desempenho de “Décimo Segundo”. A recepção, no entanto, não chega a desmerecer a narrativa refinada e sensível da crueldade juvenil proposta por Lordello. Se para esses jovens cineastas o festival de Brasília guarda a proporção do ambiente hostil de toda escola, a lição aprendida no ano passado com o prêmio de Melhor Diretor dado a Leonardo Lacca indica que, às vezes, vale a pena desafiar o gosto do público em função de uma proposta pessoal e, acima de tudo, sincera.
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