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Críticas

Deserto Feliz

Deserto Feliz em cartaz, finalmente

Por Luiz Joaquim | 28.11.2008 (sexta-feira)

O cineasta Paula Caldas e Germano Coelho, da produtora pernambucana Camará Filmes, além de toda a equipe envolvida com o longa-metragem “Deserto Feliz” (Pernambuco, 2007) vivem hoje um dia de grande expectativa. Por mais que o novo longa-metragem de Caldas tenha sido premiado, no Brasil e fora dele, é a partir de sua estréia no circuito comercial – entrando em cartaz no Recife, São Paulo e Rio de Janeiro – que ambos, Caldas em particular, irão entender o potencial popular de sua obra.

É certo que há também uma equação situacional complicada aqui, envolvendo público x sala de cinema x filme, que afeta diretamente o resultado ‘performance’ de freqüência. Tendo em mente que “Deserto Feliz” conta a trajetória de uma sertaneja, Jéssica (Nash Laila), que aos 14 anos foge da violência sexual na própria casa para ir o Recife, onde se prostitui até conhecer um alemão (Peter Ketnath) que vai mudar sua vida. – e tendo em mente que “Deserto Feliz” estréia nos mesmo multiplex que também lançam “Queime Depois de Ler” do Irmãos Coen, com Brad Pitt e George Clooney, há de se ter comedimento nessa expectativa de sucesso.

É sim o caso de pensar na estratégia de lançamento desse trabalho que tomou tanta energia da equipe por vários anos. Antes da estréia de hoje, “Deserto…” exibiu em fevereiro de 2007 no 57° Festival de Berlim, depois foi ao Festival de Guadalajara (México), onde deu a Caldas o título de melhor diretor, e em agosto passou pelo Festival de Gramado, trazendo seis Kikitos. Em 2008, exibiu aqui no Recife na comemoração de dez anos do UCI/Riberio Tacaruna, e depois na itinerância da 3á Mostra Diretos Humanos. 19 meses após a primeira informação que surgiu na mídia sobre o filme, fica difícil saber em que medida essa distância com a sua estréia hoje é benéfica ou maléfica para seu lançamento.

Não é o caso de subestimar o potencial de “Deserto…”, pelo contrário, talvez o público viciado dos multiplex (principalmente o pernambucano) surpreenda, interessando-se por uma representação cinematográfica mais conectada com sua própria realidade, como a que está oferecida aqui. O talento de Caldas, como criador de mise-en-séne, está impresso em cada fotograma registrado pela extrema bem cuidada fotografia de Paulo Jacinto dos Reis. Filmes como “Deserto Feliz”, precisam, na verdade, apenas que o público tenha acesso a ele para fazê-lo entrar para a história. Pena que tenha demorado tanto para chegar mas, antes tarde do que nunca.

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