À medida em que corria a 66ª cerimônia de premiação do Globo de Ouro na noite de domingo em Los Angeles, o grande favorito “O Curioso Caso de Benjamim Button” (que estréia no Brasil nesta sexta-feira), com cinco indicações, viu a noite fechar sem nenhum troféu. O caminho que o globo dourado tomou foi o do drama “Slumdog Millionaire”, de Danny Boyle que, além de receber o título de melhor diretor dramático (Danny Boyle) levou os de roteiro e trilha sonora.

Na categoria comédia/musical, prêmios foram mais democraticamente distribuídos. Woody Allen (ausente na festa) consagrou-se com o título de melhor filme por “Vicky Cristina Barcelona”. Muitos torciam por Meryl Streeo pelo fenômeno “Mamma Mia!”, mas a inglesinha Sally Hawkins levou a melhor por sua espetacular performance como a iluminada Poppy em “Simplesmente Feliz” (estréia prevista por aqui para fevereiro). O prêmio deve incrementar a habilitação de Hawkins para o Oscar, cuja festa acontece em 22 de fevereiro. O melhor ator cômico eleito foi Colin Farrell, pelo ótimo e pouco visto “Na Mira do Chefe”.

Um dos belos momentos do jantar aconteceu no anúncio da premiação de Mickey Rourke, aplaudido de pé, como ator dramático em “O Lutador” (estréia 6 de fevereiro). Rourke, esquecido desde os anos 1980, voltou arrebatando a todos com seu lutador de luta-livre, melancólico e solitário, que volta à ativa. O retrato do personagem é um pouco o retrato do próprio ator. No seu discurso ao receber o prêmio ele agradeceu aos seus cachorros. “Em momentos solitários, o cachorro e mesmo seu melhor amigo”. “O Lutador” também ficou com a melhor canção, de Bruce Springteen, que dedicou o prêmio a Rourke: “minha principal inspiração nessa criação”, comentou o compositor.

O depoimento mais emocionado e autêntico veio de Kate Winslet, que ao receber o segundo prêmio (atriz dramática por “Apenas um Sonho”, estréia 30 de janeiro) pedia desculpas chorando para as concorrentes Meryl Streep, Angelina Jolie, Anne Hathaway e outras. Winslet também foi eleita melhor atriz coadjuvante por “The Reader”. É a terceira vez na história da festa que uma mesma pessoa ganha dois prêmios na mesma cerimônia.

O prêmio de ator coadjuvante também rendeu um momento sério. Foi para o esperado Heath Ledger pelo seu Curinga em “Cavaleiro das Trevas”. Aplaudido de pé quando anunciado, o diretor Chritopher Nolan recebia o prêmio por Ledger, morto ano passado, que recebeu uma homenagem do evento.

A animação favorita “Wall-E” foi a contemplada; já o filme estrangeiro favorito, o italiano “Gomorra”, não consagrou-se, ficando melhor para a animação documental israelense “Waltz with Bashir”.

O prêmio especial “C. B. DeMille”, pelo conjunto da obra, foi para o diretor Steven Spielberg. Das mãos do parceiro de 39 anos Martin Scorsese, Spielberg lembrou de como construiu sua carreira cercado de amigos competentes e generosos. Sob os olhos vidrados de todos os convidados da festa, o pai do “E. T. – O Extraterrestre”, “Tubarão” e “Indiana Jones” lembrou de sua primeira sessão de cinema, em 1952 aos 6 anos, levado pelo pai para ver “O Maios Espetáculo da Terra”, dirigido por DeMille. “A partir dali, insisti em criar meu primeiro filme com sequências de fotografias, enquanto provocava acidentes no meu trenzinho de brinquedo”, revelou.

Entre os trabalhos para TV, a produção “John Adams” arrebatou quatro prêmios: melhor telefilme ou minissérie, ator (Paul Giamatti), atriz (Laura Linney), e ator coadjuvante (Tom Wilkinson).

A melhor série de drama foi “Mad Men”. Já “30 Rock” ficou com o troféu de melhor comédia. Tina Fey e Alec Baldwin, foram eleitos melhor atriz e ator comicos para TV.

TRADUÇÃO
E quem assistiu a premiação com a tradução simultânea do crítico Rubens Ewald Filho viu um espetáculo à parte. Espetáculo de indelicadezas. Com observações preconceituosas, o renomado crítico conseguia cometer vários deslizes numa mesma fala.

No trailer de “O Lutador”, que concorria a melhor drama, o jornalista salientou “O filme marca a volta de Rourke, uma volta que ninguém queria que acontecesse”. Quando o mesmo ator subia ao palco, e tropeçou no degrau, para receber o prêmio, Ewald Filho soltou: “olha meu Deus, não consegue nem subir no palco”.

Já a ótima Laura Dern (melhor atriz coadjuvante em série ou telefilme para TV, por “Recount”) mereceu o seguinte comentário enquanto se dirigia ao palco: “Ela tava esquecida, coitada, tão feia, mas não importa, é uma boa atriz”.

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vencedores

CINEMA

MELHOR FILME – DRAMA
“Slumdog Millionaire”

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
“Vicky Cristina Barcelona”

MELHOR ATRIZ EM UM FILME – DRAMA
Kate Winslet, “Revolutionary Road”

MELHOR ATOR EM UM FILME – DRAMA
Mickey Rourke, “The Wrestler”

MELHOR ATRIZ EM UM FILME – COMÉDIA/MUSICAL
Sally Hawkins, “Happy-Go-Lucky”

MELHOR ATOR EM UM FILME – COMÉDIA/MUSICAL
Colin Farrell, “In Bruges”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Kate Winslet, “The Reader”

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Heath Ledger, “The Dark Knight”

MELHOR DIRETOR
Danny Boyle, “Slumdog Millionaire”

MELHOR ANIMAÇÃO
“WALL-E”

MELHOR ROTEIRO
Simon Beaufoy, “Slumdog Millionaire”

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
“Waltz with Bashir” (Israel)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“The Wrestler” Bruce Springsteen

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
A.R. Rahman “Slumdog Millionaire”

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TELEVISÃO

MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
“Mad Men”

MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
“30 Rock”

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Anna Paquin, “True Blood”

MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Gabriel Byrne, “In Treatment”

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Tina Fey, “30 Rock”

MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Alec Baldwin, “30 Rock”

MELHOR MINISSÉRIE OU FILME PARA A TV
“John Adams”

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU FILME PARA A TV
Laura Linney, “John Adams”

MELHOR ATOR EM MINISSÉRIES OU FILME PARA A TV
Paul Giamatti, “John Adams”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Laura Dern, “Recount”

MELHOR ATOR CODAJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIES OU FILME PARA TV
Tom Wilkinson, “John Adams”