13° Cine-PE (2009) – abertura
Dia histórico para o Cine-PE
Por Luiz Joaquim | 27.04.2009 (segunda-feira)
Não é o caso de fazermos uma graduação de valor para quem foi mais ou menos importante na histórico de personalidades do cinema que participaram do Cine-PE: Festival do Audiovisual desde de sua criação – ainda com outro nome – em 1997. Mas também não há como negar o momento histórico que a produção do evento vive hoje, a partir das 18h30 no Cineteatro Guararapes, com a presença do diretor greco-francês Constantin Costa-Gavras.
Homenageado nesta 13á edição do Festival, junto a atriz Dira Paes, o diretor Roberto Farias e o Canal Brasil, Gavras participa do evento como parte do bloco de atividades espalhadas pelo país em função do Ano da França no Brasil. E num bem-vindo e incomum esforço de produção internacional – mesmo com, em 2008, o evento tendo recebido o cineasta argentino Fernando Solanas -, o Cine-PE brinda hoje os pernambucanos com “Éden à l’Ouest”, mais novo filme de Gavras. Obra que também deu partida ao 59ø Festival de Berlim, há dois meses – do qual Gavras foi presidente do Júri na edição 2008, dando o Urso de Ouro ao controverso “Tropa de Elite”.
Em Berlim, o cineasta, que virou referência de um cinema políco nos anos 1960 a 1980, ao conversar com a imprensa, definiu “Éden à l’Ouest”como uma fábula moderna. Coproduzido pela Itália, França e Grécia, o éden à oeste do título seria Paris, que o protagonista Elias (Riccardo Scamarcio) chega após atravessar o mar Egeu. Como em “A Odisséia”, de Homero, a epopéia de Elias tem escala no inferno, até chegar ao suposto Paraíso. A questão é, a Cidade-Luz seria mesmo o paraíso para os imigrantes, ou o inferno?
O tema da divergências etnicas e culturais vem se mostrando uma recorrência contemporânea, e não só na produção cinematográfica europeia. Ainda esta semana é possível ver nos cinemas locais a produção mexicana “Sob a Mesma Lua”, sobre um mexicano que busca melhor condição de vida nos EUA e encontra preconceito. A perspectiva norte-americana sobre o mesmo tema foi visto em “Território Restrito”, de Wayne Kramer.
Há poucos dias, esteve também em cartaz a Palma de Ouro 2008, “Entre os Muros da Escola”, sugerindo mais uma reflexão sobre o assunto, só que no ambiente juvenil de uma escola de etnia mista da França.
Além de “Éden à l’Ouest”, o Cine-PE organizou uma pequena retrospectiva de Gavras – que acontece de 1ø a 3 de maio, às 16h no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco – exibindo respectivamente “Z” (1969), ‘”O Corte” (2005) e “Amém” (2002). Deste, a exibição de “Z” (Oscar de filme estrangeiro) é impérdivel não só em função do belo filme que representa – sobre o assassinato do deputado Lambrakis pela ditadura dos coronéis gregos -, mas pela raridade de poder vê-lo numa cópia em 35mm. Cópia que veio direto da França com o próprio Gavras.
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