(D)efeitos
Câmera clara 156
Por Luiz Joaquim | 02.04.2009 (quinta-feira)
Não é estranho que os ouvidos de um jornalista costumem captar informações que nem eram necessariamente direcionadas para ele. E se conversam perto dele sobre um assunto que lhe é caro, aí é que sua acuidade auditiva parece ganhar ainda mais potência. Dito isso, confesso que escutamos, involuntariamente, semana passada o trecho de uma conversa entre dois rapazes sobre o filme “Irreversível” (2002), do argentino (radicado francês) Gaspar Noé. “Irreversível” é aquele drama, contada em blocos de cronologia invertida, em que a linda Monica Bellucci passa pela famigerada cena em tempo real de um estupro com cerca de 10 minutos. Pois bem, o amigo A, que viu o filme, comentava para o amigo B, que não tinha visto, sobre o impacto da obra pela tal cena, e por uma outra ultraviolenta envolvendo um extintor de incêndio. Ele elogiava a qualidade dessas sequências, salientando que reviu em DVD a cena do extintor desacelerada, quadro a quadro, para entender seu processo técnico. E concluiu a conversa (até onde conseguimos escutar) dizendo que “o roteiro em si era fraco”. Nada a comentar sobre a curiosidade técnica do Sr. A, mas nos parece um problema abrir um olho com tanta ansiedade para um efeito técnico, e fechar (ou semicerrar) o outro para a sua poética. Não cabe nesse nesse momento resenhar a favor de “Irreversível” e de seu roteiro – que tem muito mais a dizer além do impacto visual das duas cenas chocantes -, mas vale lembrar que o efeito digital deve estar no filme em função da dramaticidade, e não o inverso. E, ao espectador, nos parece saudável não se deixar levar unicamente pelo encantamento visual que lhe chega à retina, pois a complexidade narrativa do cinema é tão importante e poderosa em sua sutileza gramatical que pode enterrar ou salvar um filme.
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Marketing
Em fevereiro, comentamos a postura esquisita do ator Joaquin Phoenix ao ser entrevistado no programa de David Letterman. Dias depois, o assunto virou piada na cerimônia do Oscar com Ben Stiller parodiando Phoenix. Semana passada, James Gray, diretor de “Two Lovers” – mais recente filme de Phoenix em lançamento nos EUA, rebateu pelo Los Angeles Times uma matéria publicada no jornal London Times. Este último, segundo Gray, descontextualizou seu depoimento, ao afirmar que o cineasta estaria furioso pelo comportamento de Phoenix em Letterman. “Phoenix é como um irmão para mim. Eu ficaria infeliz se ele tivesse falado mal do filme. O que ele fez no Letterman chamou muita atenção, o que foi bom para nós considerando o pouco dinheiro que temos para o marketing do filme”.
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Marketing 2
Há três semanas, anunciamos que a nova produção de Laís Bodansky ia ganhar seu nome pela votação popular via site da distribuidora Warner (www.warnerlab.com.br). Após 19 dias de votação, venceu a opção (de seis) chamada “As Melhores Coisas do Mundo”. O filme é inspirado na série de livros “Mano”, de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto. O argumento acompanha o dia-a-dia de um grupo de adolescentes com seus dilemas – descoberta da sexualidade e do amor, pressão do sucesso, preconceito e ambiente escolar. O filme começa a ser rodado este mês, em São Paulo, e a previsão de lançamento é só em 2010.
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TOY STORY 3-D
A febre pelas animações em 3-D Digital só faz crescer. A Disney planeja lançar nos EUA os originais “Toy Story” (1995) e “Toy Store 2” (1999) como um filme duplo com a tecnologia 3-D em apenas duas semanas de diferença, a partir de 2 de outubro. A empresa também revelou que quer lançar a versão de Tim Burton para “Alice no País das Maravilhas” – com Johnny Deep e Anne Hathaway na versão iMax 3D, como também em 3-D padrão em março de 2010.
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