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Críticas

Dois em Um

Filme francês aposta em piada de 25 anos

Por Luiz Joaquim | 10.04.2009 (sexta-feira)

Quando se pensa que só o Brasil ainda realiza filmes como “Se Eu Fosse Você” (e ainda ganha uma sequência em pleno 2008), entra em cartaz, no Cine Rosa e Silva, o francês “Dois em Um” (La Personne aux Deux Personnes, 2008), dirigido pela dupla Bruno Lavaine e Nicolas Charles. O enredo não trata de um casal cujo corpo é “possuído” pelo espírito do outro, mas a essência da piada aqui é a mesma. Na verdade, a referência primeira e maior está no já clássico “Um Espírito Baixou em Mim”, rodado por Carl Reiner em 1984. E quando se atenta para seu ano de realização, vem o espanto em perceber que a tal piada já completou 25 anos.

No caso francês, temos Ranu (o sempre bem Daniel Auteuil) como um corretor de imóveis, burocrático, introvertido e enfadonho, que sofre um acidente (não é um ráio que lhe cai na cabeça) quando o cantor de música pop, famoso nos anos 1980, Gilles Gilbert (Alain Chabat), o atropela. Quase que imediatamente, Ranu escuta dentro de sua cabeça a voz de Gilles gritando tão confusa quanto nós espectadores.

Entedemos que o espírito de Gilles agora ocupa o corpo de Ranu e nele, Gilles sente, ouve e vê tudo, mas não consegue falar (apenas para Ranu). Fica instalada a confusão, principalmente pelo fato de Gilles, mesmo decadente, ser um artista boêmio e com inflexão para o lado leve de vida. Já Ranu, trafega pelo caminho inverso. Como era de se esperar, Gilles acaba ajudando Ranu em ganharr evidência em seu trabalho, e ainda a conquista a mulher a quem ele admiria secretamente. Conhecedo “Se Eu Fosse Você” e o clássico dom Steve Martin, não é difícil imaginar como “Dois em Um” termina.

Apesar da sensação cansada de deja vú, não é por isso que “Dois em Um” pode ser considerado um dos piores filmes que vem da França ao Brasil neste últimos dez anos. Talvez o maior problema esteja exatamente na piada velha. Por mais inventiva que sejam as situações criadas a partir dela, é gerado um cansaço no espectador por este precisar estar o tempo todo de mão dada com o patético. À propósito, “Dois em Um” só não demonora completamente pelo ator espetacular que é Auteuil. Ator que já deu prova de sua também capacidade em comédias como se viu em “The Closet” (2001).

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