Juventude
As várias faces da maturidade
Por Luiz Joaquim | 03.04.2009 (sexta-feira)
Domingos Oliveira, 72 anos, 14 longas-metragens, mais de 20 peças teatrais, um amor infinito pelas mulheres. Já comparado a François Truffaut nos anos 1960, e chamado de nosso Woody Allen nos anos 2000, o autor é tudo isso e um pouco mais. É ele mesmo, trazendo em seus filmes não só aspectos de seu próprio estilo de vida (um boêmio do Leblon), como suas crenças e filosofia de vida, inspirada na beleza que a arte pode proporcionar. Hoje, estreia no Cinema da Fundação, “Juventude” (Brasil, 2008), seu 13º longa – o 14º, “Todo Mundo tem Problemas Sexuais”, já está pronto e deve entrar em circuito dia 10 de julho.
“Juventude” reforça agora a impressão que deu ao exibir no último Festival de Gramado, em agosto, ou seja, ser um dos filmes mais felizes e simpáticos da nova safra brasileira. Antes de qualquer anáise fria, é importânte dizer que “Juventude” é lindo. Simples assim. Oliveira, interpreta Antônio, um dramaturgo que também faz cinema (ou seja, ele mesmo). Uma das falas de Antônio diz que tem quase 70 anos mas se sente como se tivesse quase 7. O que reafirma os números (e aumentando) de seus trabalhos citados acima.
O mote aqui é um ensaio do significado de se chegar à velhice, com eco nas lembranças das primeiras descobertas amorosas, e tangenciando pelas opções profissionais, éticas e morais ao longo da vida. Para desenhar esse traçado acompanham Domingos em cena Paulo José (como o judeu David) e o dramaturgo Aderbal Freire Filho (como Ulisses). Fora do quadro está outro veterano, o diretor de fotografia Dib Lutfi, que trabalhou com Domingos pela primeira vez em “Edu Coração de Ouro” (1968).
O cenário é a paradisíaca casa em Petrópolis do milionário David, que recebe o cardiologista falido Ulissses e o dramaturgo Antônio, amigos de infância, para relembrar a vida. Entre reclamações das limitações de saúde banhadas à whisky, os três resgatam um clássico português – “A Céia dos Cardeais” – que encenaram na adolescência, e reveem a vida amorosa, com uma tom entre a melancolia e a alegria (mas sempre com sabedoria) a respeito das ‘mulheres da vida’ deles. É uma obra de um homem maduro, não só na vida, mas na expressão do que há de mais tocante criado pelo homem, a arte. O filme foi premiado em Gramado pela direção, roteiro e montagem.
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