Por mais um ano o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco abriga no Recife, de hoje até domingo, a Mostra de Cinema Espanhol Atual. O evento, produzido e realizado pela Embaixada da Espanha no Brasil, circula por 11 capitais brasileiras. Esta edição já passou por seis cidades e , saindo do Recife, segue para Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, encerrando em São Paulo. No programa, cinco longas-metragens realizados em 2007 naquele país que tiveram quase nenhuma repercussão fora de lá, mas nem por isso não merece um olhar cuidadoso sobre eles. Pode-se dizer que a mais forte conexão entre esse trabalhos está em apresentar o frescor de seus realizadores, alguns com pouco experiência à frente de um longa, o que nós dá uma perspectiva realmente contemporânea do que acontece por lá. Não é à toa que a palavra “atual” faz parte do nome da mostra com entrada franca para todas as sessões – sempre às 20h.

O título que abre hoje é “A Solidão” (La Soledad), de Jaime Rosales, que fala sobre maternidade a partir de duas mulheres. Uma é Adela (Sonia Almarcha) e a outra Antonia (Petra Martínez). Enquanto a primeira é uma mãe solteira recém-chegada em Madrid e que vê dificuldades ao tentar educar o filho de um ano e meio, a segunda é uma viúva, mãe de três filhas e dona de um supermercado, constantemente assustada com ataques terroristas naquela mesma cidade.

Amanhã, “Mataharis” traz Tristán Ulloa (protagonista de “Lucía e O Sexo”) nesse filme que também tem uma perspectiva feminina. Mulheres trabalhando como detetives particulares que se deparam com questões éticas envolvendo maternidade quando se infiltram numa multinacional e descobrem algumas intrigas. Sexta-feira exibe “Sob as Estrelas” (Bajo las Estrellas), de Félix Viscarret, sobre um trompestista (Alberto San Jaun) egoísta e oportunista que volta à sua cidade natal para rever seu pai em estado terminal. Lá descobre que o irmão vai casar com uma mulher que ele conheceu muito bem anos atrás.

No sábado temos o único filme não-inédito no Brasil da programação. É o suspense “[REC]”, de Jaume Balagueró. De tanto sucesso no exterior, a produção ganhou uma inútil refilmagem nos EUA e tem já pronta uma sequência na Espanha. Já no domingo, “Sete Mesas de Bilhar Francês” traz uma estrela do cinema espanhol, Maribel Verdú (vista no mexicano “E Tua Mãe Também”). No filme de Gracias Querejeta, Verdú é Angela, outra mãe que viaja com seu filho para reencontrar o pai dela, doente e com problemas nos negócios que envolvem mesas de bilhar.

Curioso observar que, exceto por “Sob as Estrelas”, esta edição está essencialmente focando o universo feminino. Mesmo o horror “[Rec]” tem uma repórter como protagonista.