Perfil: Costa-Gavras
A voz política do cinema
Por Luiz Joaquim | 26.04.2009 (domingo)
Antes mesmo de Constantin Costa-Gavras subir hoje no palco do Cineteatro Guararapes pelo 13º Cine-PE: Festival do Audiovisual, a gigantesca platéia dali verá na tela um video de oito minutos, preparado pela Rede Telecine, com depoimentos de gente como Cacá Diégues, Silvio Tendler, Luiz e Lucy Barreto e outros falando da importância do realizador para o cinema mundial. A projeção dá partida à homenagem que o festival promove antes da projeção, na sequência, de “Eden À L’Ouest”.
Dono de duas dezenas de respeitados filmes cuja luz projetou-se sobre questões sociais e políticas tanto na Europa como na América do Norte e Latina, Gavras teve seu primeiro grande reconhecimento internacional há 40 anos, quando deu ao mundo “Z”. Falava de sua terra, a Grécia, mais precisamente a partir da morte do assassinato do político Gregoris Lambrakis. Ao mesmo tempo em que o cenário algeriano utilizado confundia a localização dos fatos, a frenética cena de abertura também abria espaço, posteriormente, para um tom satírico, mesmo que o assunto tenha sido extraído de um fato duro e frio. A maestria de Gavras lhe rendeu aqui o Oscar de filme estrangeiro, o Globo de Ouro, o Prêmio especial do Júri de Cannes e o Bafta para seu ator.
Logo depois, Gavras volta seu olhos para a Amérca Latina e nos dá “Estado de Sítio” (1972), sobre o sequestro de uma oficial norte-americano por guerilheiros urbanos no Uruguai. Dez anos depois, era a ditadura chilena de Pinochet que virava alvo de sua criação em “Desaparecido: Um Grande Mistério” (Palma de Ouro, e Oscar de roteiro adaptado), quando um pai (Jack Lemon) vai em busca de seu filho desaparecido em 1973 naquele país.
O filme faz parte das realizações norte-americanas feitas pelo diretor, quando passou a residir nos EUA no início dos anos 1980. Entre eles está “Atraiçoados” (1988), com Debra Winger fazendo um agente do FBI que percebe a face racista de seu país; e “Muito Mais que Um Crime” (1988), com Jéssica Lange vivendo uma advogada que defende a mãe Húngara acusada de assassinato na 2ª Guerra.
Antes, Gavras já havia concebido o “Seção Especial de Justiça” (1975), mostrando a obediência quase absoluta dos juízes franceses durante a ocupação alemã por lá, ressaltando que qualquer judeu, ou quem quer que relutasse, era assassinado. Mais recentemente, cineasta provocou a Igreja Católica com “Amén” (2002), questionando sua conivência com o nazismo. E, há quatro anos, o diretor lançou “O Corte”, sobre o trauma de uma onde de desemprego na França, tendo recebido boas críticas mundo afora.
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